sexta-feira, 29 de junho de 2012

Na taba, na chuva, na floresta - Vernissage de Marilha Xavier

Clique na figura acima (folder) para ampliá-la
 







Os quadros foram fotografados por Ezio José da Rocha, que além disso ele fez um adendo às informações contidas no folder acima. 


Segundo Ezio, Marilha: “é arquiteta por formação e artista por vocação. Admiro-a pelo histórico de vida que tem. Já morou em Paris e por muitas vezes visitou o museu do Louvre. É fã incondicional das músicas do Elvis Presley, quem ela teve oportunidade de conhecer pessoalmente numa viagem aos USA em que assistira a um show. Tem até foto com ele (Elvis Presley).

Fala francês e inglês fluentemente (com aquele sotaque carioca –rsrsrs).

As obras dela estarão expostas no Centro Cultural José Octávio Guizzo até agosto, onde podemos visitá-las e prestigiar o trabalho que é muito bom, por excelência.”



quinta-feira, 28 de junho de 2012

PARÁBOLA DA AVE CATIVA - Por Sylvio Adalberto




Quem guardará na noite o frágil ninho
que já foi lar que foi refúgio e cama?
E canto sim, mas meu canto reclama
por não voar e por viver sozinho.



Fui concebido pra voar. Definho
sem o vôo no mato, a flor na rama,
sou da floresta cor e luz e a trama
vida que põe beleza no caminho.



Sei do som cascata e a dor do vento,
isso não muda minha realidade
e nem aplaca tanto sofrimento...



Numa gaiola, pelas mãos de um louco,
longe da tão amada liberdade
cada dia que nasce, morro um pouco.




Sobre o autor, como ele próprio diz:
Apenas um apaixonado pela natureza. Como tal, gostaria de vê-la preservada e protegida. Creio sinceramente que para preservar é preciso conhecer. Ninguém protegerá aquilo que desconhece. Para que isso aconteça primeiro é fundamental que haja uma mudança de consciência. Temos de acabar com a mentalidade instaurada de que não temos nada com isso.Temos sim! Tudo o que acontece no mundo em que vivemos é de nossa inteira responsabilidade. Enquanto houver gente dormindo na rua, famílias sem direito a um teto, um pedaço de terra para plantar e um pedaço de pão para driblar a fome, enquanto houver cachorros comendo filé e crianças morrendo de fome, nada mudará no mundo. O exemplo deverá começar não dentro de nossa casa, mas dentro de cada um de nós. É preciso antes de tudo querer ser melhores do que somos. O caminho é refrear o consumismo, a sede de supérfluo que invadiu o mundo. E a salvação é começar pelas crianças. Tenho consciência de que tenho feito minha parte. E você?

Fonte: Aves da Mata Atlântica – Clique neste link para conferir:

quarta-feira, 27 de junho de 2012

É possível que até os alienígenas já estejam visitando o Brasil, para coletar dados sobre a arte de escapar das condenações por práticas ilícitas e bandidagens












Luiz Carlos Nogueira






Em matéria de escola de malandragem, no Brasil se promove cursos grátis com diplomação de MBA.  Não é de duvidar que até os alienígenas dos planetas vizinhos já estejam vindo por aqui, para aprenderem essa técnica de burlar a legalidade, e assim orientarem no seu planeta, medidas para impedir o homem terrestre de chegar até eles.

Um dos principais estabelecimentos de ensino dessa especialidade, é denominado de CPMI (Capacitação Para Malandrear Impunemente). A grade curricular não é muito extensa, porém, é eficaz, pois abarca as seguintes matérias:

— Psicologia da sem-vergonhice e de como se tornar um eficiente cara de pau;

— Como enriquecer sem trabalhar, negociando com fundamento na arte da propina;

— Retórica para se expressar com “eloqüência confusa” e ornamentada de idéias pobres;

— Exegese para identificação dos “furos da lei”;

— Matemática e estatística para equacionar as questões do “toma lá, dá cá”;

— Geografia do Brasil, com ênfase nas localizações dos valeriodutos, cascatas e cachoeiras, locais de confecção de dossiês falsos; e outras coisas desse gênero;

— Técnicas de como enganar o povo politicamente;

— A arte de se apresentar em audiências públicas e interrogatórios de quaisquer espécies, como: mizaru (o que cobre os olhos), kikazaru (o que tapa os ouvidos) e iwazaru (o que tapa a boca), ou seja, os três macacos sábios que fazem parte da alegoria da porta do Estábulo Sagrado, um templo do século XVII localizado no Santuário Toshogu, na cidade de Nikko, Japão.

Esse curso é reconhecido pelo MEC (Movimento Pelo Estado Caótico) e requer apenas a notória e reconhecida vocação no campo de qualquer vileza. 

Quem sabe se esses vilões que aprontam tudo o que não presta, não serão julgados um dia, pelos deuses do Olimpo? Até lá, continuemos pagando pontualmente nossos impostos, sem queixas, porque assim seremos recompensados por Allah, quando formos para o céu.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A MANIA DA DOUTORICE - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA











Visitava a nossa casa, garotinha, filha de industrial, a fim de receber lições de desenho, que meu pai, que cursara Belas-Artes, administrava graciosamente.

A moça, bem nutrida de carnes, não era bonita nem feia, possuía, porém, dois belos olhos, cor de cinza, que refulgiam e fascinavam, de modo a muitos declararem-na formosa.

 Estando meu pai, certa tarde, a falar com a mamã da menina, endireitou-se a conversa para lhe ensinar “ corte”, já que trabalhara, como modista, na juventude.

Arregaçou a mulher as finíssimas sobranceiras; esbugalhou os olhos de espanto, e replicou abespinhada: - Sr. Pinho: não quero que minha filha trabalhe… mas que seja doutora! …

Doutora, para ela, era sinónimo de vida folgada; viver do trabalho dos outros.

Trago este episódio a propósito da crónica de João Adelino, pivô e jornalista da RTP, publicada in: “ Dinheiro Vivo”, suplemento do “JN” de 14/04/12.

Conta o cronista: “ Faltava poucos minutos para iniciar mais um debate eleitoral televisivo. Um assessor fez-me saber que um dos convidados ameaçava não entrar no estúdio, porque não o tratei com respeito. E perante o meu espanto, esclareceu que eu era o único jornalista que não tratava o político por “ Senhor doutor”.

Como se sabe, em Portugal, ser “doutor” é imprescindível para quem deseje ser bem aceite. É praticamente título de nobreza, que abre portas à sociedade considerada elegante.

E prossegue o jornalista da RTP: “ Não há convidado na televisão, que não seja apelidado, invariavelmente, de “ doutor” ou “ engenheiro”.

Recorro, agora, à memória, para narrar cena ocorrida com meu pai ao sair da missa dos “ Congregados”:

Louvava-lhe conhecido advogado portuense as crónicas que publicava às sextas-feiras, taxando-as de excelentes; sua mulher, até perguntara-lhe que curso superior tinha o Pinho da Silva.

Como meu pai lhe dissera que não frequentara os bancos universitários, este respondeu: - “Continue…continue…porque para quem não é formado, tem muita habilidade! …”

Regressemos de novo à crónica de João Adelino: “ É muito difícil explicar a um britânico, a um alemão, um espanhol ou qualquer estrangeiro, porque chamamos “doutor” e “engenheiro” a todos nossos políticos. Afinal fora das nossas fronteiras, respeito é chamar alguém simplesmente…Senhor.”

Por isso o Ministro da Economia de Portugal., notável professor universitário, no Canadá, ao desembarcar em Lisboa, disse aos jornalistas, que podiam tratá-lo apenas por “ Álvaro”. Declaração que muitos nunca mais lhe perdoaram.




HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal




Matéria enviada pelo autor por e.mail, para ser publicada – Confira-a no Blog PAZ, clicando aqui.

domingo, 10 de junho de 2012

Cavalo de padeiro e um jegue tinhoso















Luiz Carlos Nogueira









Não me lembro bem, mas parece-me que eu tinha em torno de 12 anos de idade, quando o meu pai tinha uma padaria.

Pois bem, naquela época os meninos e as meninas cooperavam de boa-vontade, com os seus pais, nas lidas diárias. Não tinha esse negócio de que agindo assim comprometeriam suas infâncias e suas juventudes. Uma grande bobagem! Nós meninos e meninas, sentíamos felizes e úteis alem do que aprendíamos coisas úteis para quando na idade adulta, poderíamos utilizar como de fato estamos utilizando.

Aprendíamos a usar um martelo, um serrote, dar nós, etc. coisas desse tipo que quem não fez isso quando jovem, hoje depende de quem aprendeu a fazer e vende serviços que usam esses apetrechos ou ferramentas. 

Tínhamos nosso tempo para rever as matérias escolares, para brincar e participar das reuniões familiares que nos davam muito prazer. 

Naquela época eu até invejava (no bom sentido) alguns amigos que como diziam: “tinham carteira de trabalho de menor” e trabalhavam em algum estabelecimento comercial ou de serviços.

 Atualmente, não raro vemos muitos jovens encrencados com algo muito fácil de consertar, mas que não sabem sequer por onde começar. É a turma da Internet, do Orkut, do Facebook, do MSN, e por aí afora. Serão os futuros profissionais “meia boca” como se costuma dizer, que quando aprende, aprende pela metade e depois fazem pela metade — ou seja, não fazem nada com qualidade. Dessa turma do Ctrl + C e do Ctrl + V, que faz suas tarefas escolares nessa base é que sairão os profissionais do futuro: engenheiros, advogados, professores, médicos, etc.

Pois é, mas vamos continuar a minha história. Como vinha dizendo, naquela época as padarias, assim como os açougues, as leiterias, faziam as entregas dos seus produtos em domicilio. O condutor da carrocinha da padaria (que diziam ser o padeiro), todos os dias fazia a entrega dos pães, roscas, torradas, etc., nas casas de cada um dos fregueses. Como todo dia era uma repetição de entregas, o cavalo se acostumava a parar em cada ponto de entrega, sem que o seu condutor lhe desse qualquer ordem ou puxasse as rédeas. — A parada era automática.

Assim, todos os dias eu tinha a incumbência de levar os cavalos para o pasto. E aí começava minha trabalheira com esses animais. Cada um parava no ponto que costumava ser conduzido para a entrega dos pães. Era uma coisa de maluco até chegar ao local onde seriam deixados para pastarem. Enquanto para mim era um sufoco, por outro lado os moradores da rua se deliciavam com a minha lida. Para eles era um espetáculo. Isso tudo sem contar que depois eu tinha que conduzir só um jerico, porque junto com a manada seria impossível. Aquele sujeitinho era muito tinhoso e sabido, aliás, quem diz que jerico (jumento) é burro (burro, neste sentido significa que não sabe o que faze. É um pequeno trocadilho que faço) não sabe do que esses animaizinhos são capazes de aprontar.

Esse era talvez o espetáculo mais esperado pelos vizinhos, porque eu sabendo tratar-se de um animal manhoso, levava-o para o meio da rua, para montá-lo. Quando ele sentia que eu já estava montado, ele se dirigia para cima da calçada e raspava o seu flanco, porque sabia que eu teria que encolher uma das pernas. Ao sentir que eu não o abraçava com as minhas pernas, ele saia em disparada e eu tinha que saltar de cima dele.

A seguir eu o perseguia para apanhar a ponta da rédea, na verdade uma corda com a qual improvisava um buçal, e que era usada para colocar em volta do seu focinho, a fim de poder conduzir o animal. Quando eu conseguia apanhar a rédea do pirracento e montá-lo novamente, ele se virava e tentava morder uma das minhas pernas. Logo eu encolhia a perna que ele tentava morder. Dessa forma o jerico sabendo que eu já não estava firme em seu lombo, danava a correr e eu tinha que sair correndo atrás dele até conseguir dominá-lo.

Por fim, quando chegávamos numa baixada o jerico começava a correr comigo em cima dele. Na verdade o que ele tentava era me derrubar, pois à frente existia uma goiabeira que cresceu torta, formando um arco que o jegue queria passar por debaixo. É claro, eu tinha que saltar do lombo dele de qualquer jeito, porque a intenção dele era perfeitamente previsível.

Baseado nessa pequena história verídica e de como os “animais irracionais” procuram se livrar de quem os importuna ou molesta, as vezes eu fico matutando por que será que nós “animais políticos racionais”, continuamos permitindo que políticos, em sua maioria vagabundos, mentirosos, ladrões, gente da pior espécie, etc, continuem praticando seus atos criminosos? Somos iguais a cavalos de padeiro que toda eleição estamos ali marcando o ponto para eleger esses safados? Por que não aprendemos a lição do jegue? Precisamos tirar esses patifes do nosso lombo já que nenhum tribunal os condena, ou quando condena logo conseguem se livrar.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O aprendizado em três gerações - Por (*) João Bosco Leal


4 de junho de 2012
A maioria das pessoas, quando ainda muito jovens já se sentem no direito de discordar de seus pais, de adultos e até de idosos bem mais vividos e experientes do que eles.

É aquela fase do jovem “aborrecente”, que pensa já saber de tudo e bem mais do que os outros “velhos, quadrados e ultrapassados”, que não sabem de nada, que nasceram no“tempo da onça”, quando nem computadores, celulares ou internet existiam.

Que pensa ser muito superior aos mais velhos, simplesmente porque sabe utilizar vários programas de informática ou manusear com facilidade os controles remotos e os novos jogos eletrônicos que seus pais não sabiam sequer que existiam.

Muitas vezes julgam até as atitudes profissionais e comerciais de seus pais, dizendo-lhes como deveriam agir para trabalhar menos e ganhar mais, pois com aquela idade certamente já estariam muito ricos.

Durante essa fase esses jovens sabidos, revoltados por ainda terem de se submeter à determinação dos pais, erram bastante e desnecessariamente, simplesmente por não conseguirem entender que os mais velhos os orientam com amor, exatamente tentando evitar que tropecem ou caiam nos caminhos já conhecidos ou até já experimentados pelos próprios.

Normalmente esse entendimento só ocorre após o nascimento de seu próprio filho, quando sentem por ele o que seus pais sentiram desde a primeira vez que o viram, das noites em claro que passaram sem entender o motivo de seus choros, cuidando de suas dores, febres, inflamações e infecções, até que seu pequeno corpo fosse mais forte e capaz de criar as próprias defesas imunológicas.

A partir desse momento, passam a entender os motivos de certos comportamentos de seus pais que os revoltavam, mas agora fazem o mesmo com seus filhos, insistindo nas orientações sobre a importância dos estudos, das boas companhias, dos motivos para que se mantenham afastado de outras, do risco das drogas e tantas outras recomendações que frequentemente ouviam de seus pais.

Assumindo as responsabilidades de um lar, por vezes se lembram de quantas vezes reclamaram de suas roupas, calçados ou do tempero da comida, sem jamais questionarem quanto custou a seus pais colocar tudo isso à sua disposição.

Começam a entender os motivos pelos quais seus pais tanto pensavam no futuro, no plano de saúde, na escolha das escolas onde estudariam, nas economias para o pagamento de sua faculdade particular e na preocupação com a escolha que faria de sua futura profissão.

Esses jovens – como a maioria de nós -, passaram todo o tempo que viveram junto de seus pais sem entendê-los e discordando deles, perdendo assim a oportunidade de aprender com quem lhes ensinaria com amor, mas só percebem isso quando passam pela mesma experiência, sentindo agora que a discordância dos seus próprios filhos e o fato deles não seguirem muitas de suas recomendações, o que faz com que errem onde não seria necessário.

Tentando fazê-lo entender que no futuro também se arrependerá, o agora pai conta então a seu filho como atualmente se arrepende, de não ter ouvido os mais velhos.

A história se repete geração após geração, com os mais jovens pensando saber mais que os mais velhos, até que sejam eles próprios os mais velhos.

(*) João Bosco Leal - jornalista, reg. MTE nº 1019/MS, escritor, articulista político, produtor rural e palestrante sobre assuntos ligados ao agronegócio e conflitos agrários.
 
MATÉRIA ENVIADA PELO AUTOR, PARA PUBLICAÇÃO, SOB SUA EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE – VEJA-A NO SEU SITE, CLICANDO AQUI.