domingo, 15 de maio de 2011

Amar é deixar de ser importante aos filhos

Escrito por Hélio Arakaki


Ter, 07 de Agosto de 2007 14:51



Ser pai ou mãe é viver uma guerra nas estrelas, uma batalha constante contra as forças do mal, os “Darth Vader” que espreitam os nossos “Luke Skywalker”, os nossos filhos. Mas em muitas situações, aos olhos de nossos filhos, não seremos os seus heróis, mas sim os vilões.


É uma guerra desigual, uma vez que tudo aquilo que os pais atenciosos vêem como uma ameaça à integridade de seus filhos, estes vêem como caretice, babaquice e outros termos atuais que ainda desconheço.


Numa sociedade em que princípios e valores já não desempenham tanta importância, tudo que é imoral passa a ser encarada com a maior naturalidade. Daí os absurdos cometidos nas “baladas” onde as noites dos jovens para fazer valer deverá ser regada com a mistura perigosa de álcool, drogas e situações perigosas.


Diante disso, tive que repensar muitos conceitos que permeiam a educação. Um deles, de que uma família bem estruturada era a segurança de que os filhos estariam imunes aos perigos que ameaçassem a sua integridade e o seu caráter, caiu por terra. A realidade é que as influências externas negativas, a começar pelas amizades, são muito mais fortes e poderosas do que se imagina.


Certa vez, um de meus filhos se aborreceu pela quantia que recebeu para ir ao shopping. Inconformado, argumentou que um de seus amigos recebe R$ 250,00 de seus pais para gastar num dia.


Outra vez, se aborreceu diante de uma resposta negativa a respeito de um tênis que pretendia comprar, e novamente citou o amigo que afirmava ter pais legais que o liberava para ir às compras sozinho. Numa outra ocasião, reclamou das perguntas a respeito do local que freqüentaria e da insistência em ir pegá-lo depois, e novamente citou o amigo que tinha um motorista à disposição para levá-lo e pegá-lo aonde quisesse à noite.


Diante das comparações, evidentemente que sou o vilão da história.


Mas, antes ser um vilão que irresponsável. Daí a grande disposição de levar adiante esta batalha que é educar os filhos até as ultimas conseqüências e não desistir nunca.


Necessitamos ser fortes o suficiente para não se render aos chiliques e às ameaças deles. Nem tampouco as comparações que citei acima. Ser bom pai ou mãe, não é ser bonzinho, isto é, permissivo e conceder tudo, é preciso saber colocar os limites. Os jornais estão cheios de noticias envolvendo a irresponsabilidade de jovens na rua. Em nosso papel, cabe-nos exercer a autoridade de maneira enérgica quando deve ser utilizada, porém na medida certa. Limites se ensinam desde a tenra idade, convém explicar aos jovens papais e mamães que não é nada engraçado ver seus lindinhos desrespeitando o espaço alheio.


Necessitamos ser fortes o suficiente para não se deixar levar pelo sentimento de culpa advinda de uma punição aplicada aos filhos, talvez até acompanhada de violência. Mas não temos culpa, não freqüentamos e nem existe disponível um curso para ser pai e mãe, principalmente na fase da adolescência. O que existe são os oportunistas, mercadores da desgraça e da destruição oferecendo momento de prazeres imediatos aos nossos filhos. E nesta categoria enquadro os empresários e comerciantes que vendem bebidas alcoólicas e cigarros para menores em seus estabelecimentos, seja nas praças de alimentação, conveniências, bares ou boates.


Necessitamos ter coragem para desafiar os conceitos absurdos ditados por uma pedagorréia absurda e um psicologismo irreal para verificar sim as bolsas e as mochilas de nossos filhos ou aparecer de surpresa nos locais que freqüentam. Não se trata de agressão e nem desrespeito à individualidade, e sim um ato preventivo que somente possuem aqueles que amam. Pois quem não ama não se importa e finge que não vê. É mais cômodo.


Por falar em amor, sem dúvida que é o sentimento principal que devemos nutrir na nossa relação com os nossos filhos. Mas, existem mães que acreditam terem nascidas para santa, aquela que se humilha, perdoa, superprotege e que deverá ser sempre permissiva e complacente com as atitudes inconseqüentes dos filhos. Um amor que alimenta a doença de um e adoece o outro.


Amor que vale a pena dedicar aos nossos filhos é aquele que nos tornará gradativamente desnecessários na vida deles. Não se assuste. O que quero dizer é que a nossa missão como pais será consagrada se soubermos preparar os nossos filhos para um futuro em que sejam responsáveis e independentes, donos da própria vida.


Fonte: site do Instituto Muryokan – Clique aqui para conferir

Nenhum comentário:

Postar um comentário