Luiz Carlos Nogueira
Aquele homem andrajoso, magro,
despenteado, descalço, andava de um lugar para outro nas ruas de Atenas, na Grécia antiga, em pleno dia de sol ardente, empunhando uma lanterna, procurando
por algo que todos supunham ser de muito valor, dado ao seu desmedido
interesse, e que parecia que ele havia perdido.
Aliás, atitude essa que a todos
parecia explicar, porque esse homem se tratava de um mendigo que vivia num
grande barril, como se fosse uma casa. Portanto, as pessoas pensavam que se ele
encontrasse o que procurava, conforme desconfiavam ser de grande valor, então
resolveria o seu problema de extrema pobreza.
Assim, aquele misterioso mendigo
buscava pelos becos, buracos, às margens do Cefiso, no bosque sagrado de oliveiras, próximo à academia de Platão,
dedicado a Atena,
a deusa da sabedoria, fora das muralhas da cidade antiga de Atenas, enfim, onde ele desconfiasse que
pudesse achar o imaginado tesouro.
Alguns tentavam imaginar para que
serviria aquela lanterna que ele carregava em plena luz do dia. Nessa atitude
nada havia de lógico, porque é durante a noite quando todos dormem, quando
adensa-se a escuridão, é que se faz necessário algo que ilumina. Mas durante
o dia tudo poderia ser visto, porque havia luz do Sol.
Tratava-se por acaso de uma
lanterna mágica, um desses tipos de coisas que só existem nos contos de fadas?
Um objeto capaz de localizar algo ou alguma criatura diáfana? – Não. Não era
nada disso.
Alguém dispôs-se a arriscar interpelar
aquela enigmática criatura que atendia pelo nome de Diógenes:
que procuras com tanta insistência, com
essa lanterna em pleno dia? Ao que ele teria respondido: “Procuro por um homem honesto”.