segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Em defesa do Conselho Nacional de Justiça


Newsletter da OAB - 20 de Dezembro de 2011


O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso do Sul (OAB-MS) Leonardo Avelino Duarte, comentou que é um golpe para a sociedade a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello que concedeu uma liminar (decisão provisória) nesta segunda-feira (19), limitando os poderes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para investigar e punir juízes suspeitos de irregularidades.

Na decisão individual, o ministro Marco Aurélio entendeu que o Conselho não pode atuar antes das corregedorias dos tribunais. Para ele, a competência de investigação do CNJ é subsidiária, ou seja, deve apenas complementar o trabalho das corregedorias dos tribunais.

O presidente da OAB-MS ressaltou que esta decisão representa um revés para a transparência no Poder Judiciário. “Meu sentimento é que se não forem estabelecidas as competências do CNJ, corremos o risco de vivermos uma ditadura no Judiciário. Confio que o STF vai se render ao espírito da Emenda 45, que criou o CNJ, restabelecendo os poderes do Conselho”. Leonardo Duarte lembrou ainda que o CNJ foi criado em 2005, com objetivo de supervisionar o Judiciário, pelo fato das Corregedorias não funcionarem como deveriam.

O vice-presidente da OAB-MS, Júlio Cesar Souza Rodrigues, lamentou a liminar concedida pelo Ministro do STF e ressaltou que “A decisão não pode persistir, pois afasta da sociedade o controle que ela passou a ter sobre o comportamento ético dos juízes. Perde a Justiça, perde o povo brasileiro, que fica sem uma via de defesa contra os magistrados que não honram a toga”.

A Advocacia-Geral da União (AGU) informou que, ainda nesta semana, vai recorrer da decisão à Presidência do Supremo - no recesso do Judiciário, é o presidente do tribunal quem analisa os pedidos.

Cabe recurso da liminar, e a decisão final sobre o caso ainda precisará ser analisada pelo plenário da Corte, em fevereiro, quando termina o recesso do Judiciário.


A Corregedora do CNJ Eliana Calmon, manifestou na primeira quinzena de outubro deste ano através de ofício, agradecimento a OAB-MS por sempre defender os poderes correicionais do Conselho. A ministra Eliana Calmon respondeu à OAB-MS com o seguinte texto: “agradeço o apoio recebido pela minha atuação à frente da Corregedoria Nacional de Justiça, ao tempo em que reafirmo a minha intransigível luta em favor do Poder Judiciário expurgado dos males da corrupção”.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Pará continuará a ser um só estado


Nem Carajás, nem Tapajós: maioria absoluta dos paraenses disse “não” ao desmembramento e decidiu que o Pará fica como está


Descarte-se o mapa acima: quase 70% dos eleitores decidiram que o Pará continuará ser um estado só


Com quase 70% dos votos apurados, a maioria dos cerca de 4,6 milhões de eleitores do Pará rejeitaram o desmembramento do estado para a criação de Carajás e Tapajós, em plebiscito que mobilizou 144 municípios. Pouco depois das 20h deste domingo (11), o presidente do Tribunal Regional Eleitoral paraense (TRE-PA), Ricardo Nunes, anunciou a vitória do “não”, duas horas depois de fechadas as urnas.


Por volta das 20h15, o resultado parcial registrava a rejeição de 67,3% para a criação de Tapajós, enquanto 67,9% dos eleitores haviam dito “não” ao sugerido estado de Carajás. Segundo o tribunal regional paraense, 78% das urnas do estado haviam sido apuradas – 11.379 dos 14.249 equipamentos postos à disposição dos votantes. Ao todo, foram registrados 1% de votos nulos e 0,42% de votos em branco.


De um total de 4,6 milhões de votantes, cerca de 4 milhões de votos foram computados até o momento. Ou seja, com base no percentual de urnas apuradas e no número de votos contrários ao desmembramento, a Justiça Eleitoral considera que não há mais possibilidade de o resultado ser alterado em favor do “sim”.


Constatada a vitória do “não”, os dois projetos de decreto legislativo que defendiam a tripartição do Pará serão sumariamente arquivados. Com a perda imediata de valor legislativo, a matéria sequer precisará ser analisada pela Assembleia Legislativa do Pará e pelo Congresso Nacional, como determina o trâmite constitucional. Caberá ao TRE-PA formalizar o arquivamento, bem como homologar o resultado final – o que deve ser feito ainda nesta semana –, com detalhes sobre números e percentuais. Segundo a Justiça Eleitoral, quem deveria ter votado e não o fez tem até 9 de fevereiro do próximo ano para justificar o não comparecimento às urnas. Como o plebiscito tem efeitos jurídicos similares às disputas entre candidatos, os faltosos receberão multa e cancelamento de título de eleitor caso não prestem esclarecimentos dentro do prazo.


Com a antecipação do resultado, confirmaram-se as projeções das pesquisas encomendadas pelo Datafolha e divulgadas nos últimos meses. A última consulta sobre o pleito, registrada na sexta-feira (9) pelo instituto paulista, mostrava que 65% dos 1.213 eleitores ouvidos entre 6 e 8 de novembro não queriam a criação de Carajás, enquanto 64% rejeitavam Tapajós.


Ao todo, foram gastos quase R$ 20 milhões com o plebiscito, a primeira consulta pública do Brasil sobre a divisão de um ente federativo – a mais recente unidade da Federação criada no país a partir do desmembramento de um estado foi Tocantins, que se separou da parte norte de Goías por exclusiva decisão do Congresso, em 1988, sem recorrer à vontade do eleitor goiano.


Fonte: Congresso em Foco – Clique aqui para conferir


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O PLANETA ESTÁ MORRENDO

deLuis Morago - Avaaz.org avaaz@avaaz.org
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data6 de dezembro de 2011 20:03
assuntoO planeta está morrendo
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Caros amigos,



Nosso planeta está morrendo e grandes empresas de petróleo estão colocando nações importantes no bolso e impedindo qualquer chance de um tratado climático. Temos 3 dias até o fim das negociações da ONU acabarem -- vamos clamar à União Europeia, Brasil e China que sejam nossa liderança rumo a um acordo para salvar o planeta! Clique aqui para assinar a petição urgente:
Nossos oceanos estão morrendo, nosso ar está mudando, e nossas florestas e matas estão virando desertos. Dos peixes e plantas à vida selvagem e seres humanos, estamos rapidamente matando o planeta que nos abriga. Há uma única grande causa dessa destruição do mundo natural: as mudanças climáticas. E nos próximos 3 dias temos uma chance de impedir isso de acontecer.


O tratado da ONU sobre as mudanças climáticas -- nossa melhor esperança para ação contra esse problema -- expira no ano que vem. Mas uma coalizão gananciosa de países dominados pelo petróleo e liderada pelos EUA está tentando acabar com esse tratado para sempre. É difícil de acreditar: eles estão trocando o lucro em curto prazo pela sobrevivência do nosso mundo natural.


A União Europeia, Brasil e China estão em cima do muro -- eles não são escravos das empresas de petróleo como os EUA são, mas precisam ouvir um chamado para ação massivo do povo antes de realmente liderarem financeira e politicamente a discussão para salvar o tratado da ONU. O mundo está reunido na conferência climática pelos próximos 3 dias para fazer uma grande decisão. Vamos enviar aos nossos líderes um clamor massivo para que eles se posicionem contra o petróleo e salvem o planeta -- uma equipe da Avaaz na conferência vai entregar nosso clamor diretamente:


http://www.avaaz.org/po/the_planet_is_dying/?vl


A situação está ficando desesperadora -- por todo o planeta, condições extremas do clima continuam a ultrapassar os registros, deixando milhões de pessoas nas ruas, sem comida ou abrigo. Estamos rapidamente chegando no ponto em que não haverá retorno das mudanças climáticas -- temos apenas até 2015 para começar a reduzir drasticamente nossas emissões de carbono.


Apesar dessa urgência real, o mundo falhou em se mobilizar contra a democracia dos EUA, dominada pelos combustíveis fósseis. Não contentes com a destruição das negociações de Copenhague e do Protocolo de Kyoto, agora eles estão construindo uma coalizão de destruidores de tratados climáticos para colocar o último prego no caixão das negociações internacionais na África.


Nossa única esperança de mudar esse jogo está com a Europa, Brasil e China -- eles podem fazer esse acordo se tornar realidade, mas precisam atuar juntos, e é aí que entramos. A Europa está cansada, já lutou dura e longamente a favor do clima e precisa de um apoio público. A China já concordou em metas legalmente vinculativas e é sensível com sua reputação internacional, podendo assumir essa liderança no futuro se a encorajarmos. O Brasil vai realizar a próxima Conferência da Terra no ano que vem -- e isso lhe deixa o país impaciente para preparar o mundo para o sucesso do clima. Vamos criar um clamor gigante e global para unir esses campeões do clima e criar a equipe verde dos sonhos. Assine a petição agora e, em seguida, encaminhe esse email:


http://www.avaaz.org/po/the_planet_is_dying/?vl


O foco insano no lucro em curto prazo, que motiva os países a atravancarem a ação contra a crise climática que literalmente ameaça a sobrevivência de todos nós, não pode ser tolerado. Felizmente, nosso movimento tem o poder para intervir nesse processo e demandar uma mudança de posição. Vamos nos unir e inspirar outros a fazerem o mesmo em prol de um mundo mais humano e seguro.


Com esperança e determinação,


Luis, Emma, Ricken, Iain, Antonia, Morgan, Dalia, Pascal e o resto da equipe da Avaaz


Mais Informações:


China se dispõe a aceitar novo pacto climático; EUA não cedem (Terra)
http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5504522-EI19408,00-China+se+dispoe+a+aceitar+novo+pacto+climatico+EUA+nao+cedem.html


COP-17: União Europeia tenta atrair EUA e emergentes para acordo em 2015 (Rede Brasil Atual)
http://www.redebrasilatual.com.br/temas/ambiente/2011/12/cop-17-uniao-europeia-tenta-atrair-eua-e-emergentes-para-acordo-em-2015


Brasil se diz otimista com desfecho em reunião do clima (BBC Brasil)
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/12/111206_cop17_durban_is.shtml


Aumenta pressão para acordo na Conferência Climática da ONU em Durban (AFP)
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jrh-zLW9GdUmMO3HRyhknjrLprRQ?docId=CNG.9e09d9bfead2abd076ea5953e0edc930.01


Durban: Última oportunidade para salvar o Protocolo de Quioto? (Euronews)
http://pt.euronews.net/2011/12/05/durban-ultima-oportunidade-para-salvar-o-protocolo-de-quioto/

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

INSS - UMA ILUSÃO - VEJAM "A SAGA DE UM SETENTÃO APOSENTADO"

deMOVIMENTO BRASIL DIGNIDADE . brasildignidade@gmail.com
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data2 de dezembro de 2011 07:18
assuntoA SAGA DE UM SETENTÃO APOSENTADO - Brasil Dignidade 30/11/11
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Brasil Dignidade


A SAGA DE UM SETENTÃO APOSENTADO


“Ser idoso é um privilégio dado por Deus. Eu gosto de ser velho!”

Odoaldo Vasconcelos Passos



Hoje, 30 de novembro de 2011, estou completando setenta anos. Uma idade inimaginável para quem, quando criança, ouvia falar que o mundo acabaria no ano 2000. Em 1941, precisamente às 15h00min, na cidade de Uruçuca-Ba, desembarquei do conforto da nave útero da minha querida e saudosa mãe, para encarar uma situação completamente desconhecida.


Infância pobre e pelas dificuldades, aos doze anos de idade, passei a estudar à noite, para trabalhar durante o dia. Ali, estava iniciada uma trajetória de lutas pela sobrevivência.


Cresci, troquei de emprego algumas vezes, sempre para melhor. Nesse período, parei de estudar no primeiro ano do curso científico. Em 1962, entrei para o Serviço Público Federal, onde, modéstia à parte fiz uma brilhante carreira. Casei-me com uma super mulher e sou pai de três filhas, uma delas me deu duas netas, todas maravilhosas.


Trabalhando, voltei a estudar à noite, fiz vestibular para o curso de Economia, e, em 1977, fui diplomado. Nesse mesmo ano, transferi-me para Belém, capital do Estado do Pará, para, juntamente com outros colegas da região cacaueira da Bahia e os paraenses, ajudar na consolidação da implantação da lavoura de cacau na Amazônia, mais precisamente nos Estados do Pará, Rondônia, Amazonas, Acre, Maranhão, Mato Grosso e Goiás.


Em 1988, por uma atitude precipitada, muito estressado e após 27 anos de serviço público federal, solicitei demissão incentivada promovida pelo incompetente governo Sarney. Daí em diante, começou a minha luta inglória.


Em 1989, me aposentei pela Previdência Social. Por ter contribuído para 20 salários mínimos, esperava uma aposentadoria que viesse a ser compatível com a minha contribuição pelo teto máximo. Ledo engano! A Constituinte de 1988 reduziu o teto para 10 salários mínimos, e com muitos artigos para regulamentar. Fiquei no “buraco negro” e a minha tão sonhada justa aposentadoria, se resumiu em apenas 3,4 salários mínimos.


Foi um desastre de proporções insuportáveis! O mundo todo caiu sobre a minha cabeça. Lutei, apelei e somente após um ano de marchas e contra marchas, consertaram o erro e eu passei a receber o equivalente a 8,8 salários mínimos. Daí em diante, foi só redução do benefício, pois todo ano, motivado pelos constantes Projetos, Decretos e atos irresponsáveis, desumanos e desrespeitosos por parte do governo e do Congresso Nacional, hoje, eu amargo um benefício equivalente a 4,75 salários mínimos. A continuar desta forma, se eu tiver a “desventura” de continuar teimando em viver, deverei encerrar a minha gloriosa vida, recebendo apenas um salário mínimo, conforme é o objetivo do governo.


Por necessidade de melhorar a renda, voltei ao mercado de trabalho por alguns anos.


Durante os meus setenta anos de idade, atravessei muitas tormentas nesta saga de criança pobre, de funcionário público federal e de aposentado da Previdência Social.

No transcurso desta minha longa vida, eu:


- Vi entrar governo e sair governo, coadjuvados por um Congresso Nacional conivente e subserviente, criarem leis que só prejudicam os trabalhadores que, com dificuldades, contribuíram compulsoriamente durante 35 anos ou mais para a Previdência Social, esperando um final de vida compatível com o nível de suas contribuições. Infelizmente, a intenção desses “representantes” do povo, é só o benefício próprio, a corrupção e as mordomias. Para eles, os interesses do povo é coisa de somenos importância!


- Vi o Congresso Nacional, fingindo que votava Projetos em favor dos aposentados, pensionistas, trabalhadores e contribuintes autônomos, sabendo que o governo iria vetá-los. Ao ver deles, o seu papel estava cumprido. Grandes enganadores!


- Vi comunistas querendo implantar o regime de Cuba no país e serem repelidos pelas FFAA.


- Estou vendo os comunistas que foram repelidos à época, hoje no poder, negando tudo aquilo que prometiam tal como: ética, honestidade e seriedade com a coisa pública.


-Vi candidatos em campanhas prometerem tudo e quando se elegem, agem diferente, principalmente para prejudicar os aposentados, pensionistas, trabalhadores, contribuintes autônomos e o povo em geral.


- Vi a corrupção campear no governo, principalmente, naquele que mais brandiu contra esse tipo nefasto de governar, prometendo ética no governo.


- Vi segundo dados da FIESP, nos últimos dez anos, a corrupção desviar dos cofres públicos a inimaginável soma de R$720 bilhões. Só não vi ninguém devolver o produto do roubo.


- Vi Mensalão, dólar na cueca, Ministros de Estado caindo um atrás do outro por corrupção desenfreada.


- Vi a Suprema Corte do País, abdicar do direito de ser a guardiã da Constituição e servir aos interesses do governo naquilo que lhe interessa, em detrimento da Justiça e da vontade do povo.


- Vi O Senado Federal votar por unanimidade os Projetos Legislativos 01/07, 3299/08 e 4434/08, que devolverão o que o governo roubou da classe de aposentados e pensionistas, e vi também, os Presidentes da Câmara de Deputados, atual e passado, submissos ao governo, engavetarem tais Projetos e não colocá-los até hoje, na pauta para votação em plenário.


- Vi o governo do sociólogo FHC, criar o maldito Fator Previdenciário que, durante quinze anos, vem prejudicando terrivelmente os trabalhadores, os contribuintes autônomos e os aposentados e pensionistas.


- Vi o Congresso Nacional votar a derrubada do maldito Fator Previdenciário, e o Presidente da República, Lula da Silva, pertencente ao Partido dos Trabalhadores, vetá-lo, mantendo-o para continuar prejudicando os trabalhadores aposentáveis e os aposentados e pensionistas. Devo lembrar que, quando na oposição, o PT e principalmente o senhor Lula da Silva, foram terminantemente contrários ao dito fator, todos votando contra.


- Vi a classe de aposentados, pensionistas, trabalhadores e contribuintes autônomos, sendo torturada pelo governo, que lhes nega direitos inalienáveis de terem uma aposentadoria digna, de acordo com o nível de suas contribuições.


- Vi os Presidentes da República pertencentes ao Partido dos Trabalhadores vetarem reajustes nos benefícios dos aposentados e pensionistas, negando-lhes o direito de terem os mesmos índices concedidos ao salário mínimo.


- Vi atitudes desses governos que, contrariamente ao que ocorre no resto do mundo, insistem em manter dois níveis de reajustes para uma mesma classe de beneficiários.


- Vi o Congresso Nacional votar e o governo sancionar a Lei 10.741, de 01.10.2003 - Estatuto do Idoso, e esse mesmo governo que a sancionou, desrespeitá-lo.


- Vi o governo ITAMAR FRANCO entregar ao governo FHC, uma dívida interna de R$60 bilhões de reais; FHC entregar ao governo LULA DA SILVA a dívida de R$645 bilhões de reais, e o governo LULA DA SILVA, entregar para o governo DILMA ROUSSEFF, a incrível dívida de R$2,388 trilhões de reais. FHC (1995/2002): Pagou de juros e encargos R$278,9 bilhões; de amortização R$910,6 bilhões; refinanciamento R$1,533 trilhão. LULA DA SILVA (2003/2010): Juros e encargos R$873,8 bilhões; amortização R$ 910,6 bilhões; refinanciamento R$3,019 trilhões. DILMA ROUSSEFF: 1º a 24/11/2011: Juros e encargos R$121,7 bilhões; amortização R$532,9 bilhões. TOTAL PAGO PELO TRIO: R$7,537,7 trilhões. Só não vi onde aplicaram toda essa montanha de dinheiro emprestada pelos Bancos. Qual foi a grande obra realizada nestes governos que justifique tamanho absurdo? Vejo as gerações presente e futura, totalmente comprometidas pela irresponsabilidade desses ditos governantes. Só uma auditoria da dívida pode esclarecer tamanho descalabro.


- Vi os governos sucatearem a Saúde; a Educação; a Segurança; o Sistema de Transporte; as Rodovias; vi tentar desmerecer a Previdência Social, alegando um déficit que não existe no Regime Geral da Previdência Social/Urb

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A nossa geração.

28 de novembro de 2011

Por João Bosco Leal

Apesar de ainda faltarem dois longos anos para lá chegar, eu me identifiquei bastante lendo um texto de Regina de Castro Pompeu “De repente 60″.


A amiga de juventude que o enviou dizia perceber que já possui bem mais passado do que futuro, já não possuía mais tempo a perder e que agora procurava dar mais carinho, amor, cumplicidade e amizade aos que mais quer, mas cobrava receber o mesmo, pois o tempo passava e amanhã poderia ser tarde. Já ouvira muitas coisas semelhantes, mas dito assim, ao lado do texto enviado, despertou-me atenção para os raciocínios.



Por termos presenciado tantas mudanças radicais pelas quais passou a humanidade no período, realmente somos de uma geração extremamente privilegiada. Nesse período fizeram história John F. Kennedy, Martin Luther King, Frank Sinatra, os Beatles, Elvis Presley, Michael Jackson, Juscelino Kubitschek, Vinicius de Morais, Tom Jobim e Elis Regina, citando somente os que já não estão entre nós.


Presenciamos o surgimento das eletrolas, vitrolas, dos gravadores com fitas de rolo, cartucho e cassete – que os adolescentes provavelmente já nem sabem do que se trata -, o início e a proximidade do fim dos CDs, DVDs e mp3, que deram lugar aos pen-drives e blu-rays.


As televisões com as imagens em preto e branco eram um luxo e durante muito tempo só eram encontradas nas residências das famílias com maior poder aquisitivo. Vieram as coloridas e muitas prefeituras dos municípios do interior colocavam um aparelho na principal praça da cidade, para que todos tivessem acesso.

As máquinas fotográficas eram enormes e mesmo quando se tornaram portáteis eram caras, não acessíveis para a grande maioria da população e gravavam as imagens em filmes de 35 mm que precisavam ser revelados.


Na década de cinquenta eram muito poucas as opções de transporte, realizado por jardineiras, trens ou bondes urbanos, pois os poucos modelos de automóveis existentes possuíam custo inimaginável para a população. Assistimos a tudo isso, mas também vimos o homem pisar na lua.


As comunicações evoluíram desde o telefone com manivela, passando pela chamada através da telefonista, aparelhos automáticos, os sem fio e celulares, chegando aos atuais smartphones.


Atualmente, as televisões e os telefones, fixos ou móveis, são de qualidade muito superior, de tamanhos de bolso a verdadeiras telas cinematográficas, acessíveis para toda a população e onde quer que ela esteja.


As opções são muitas, com canais abertos ou pay-per-view, analógicos ou digitais, celulares pré e pós-pagos, além de Skype, VOIP, etc., com todas as transmissões de imagem e som por cabos, antenas parabólicas, radio-frequência ou satélites.


Nas cidades estranhas, a cada trecho percorrido, parávamos para pedir informações, mas com os atuais aparelhos de GPS portáteis, não se erra mais qualquer endereço, pois uma voz eletrônica não silencia enquanto qualquer erro no trajeto não for corrigido.


A ciência e a medicina evoluíram de tal maneira nesse período que a expectativa média de vida dos brasileiros passou de quarenta para setenta e cinco anos.


Com os jovens, presenciamos o surgimento da geração i… Pod, Phone e Pad, dos diversos sistemas operacionais dos PCs, notebooks, smartphones e tablets, da “computação em nuvem”, além da morte de um gênio visionário, que criou ou possibilitou a criação da maioria dessas invenções, Steve Jobs.


Os que já possuem mais de sessenta anos podem se orgulhar de terem vivido no período mais fértil de progresso que a humanidade já conheceu.


MATÉRIA ENVIADA PELO AUTOR, PARA PUBLICAÇÃO, SOB SUA RESPONSABILIDADE – VEJA-A NO SEU SITE, CLICANDO AQUI.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A doce vida dos filhos-cangurus



A educadora Tania Zagury diz que filho tem que ter não só direitos, mas
também deveres



Por cláudio fragata lopes
E-mail: cfragata@edglobo.com.br



Nos anos mais efervescentes das décadas de 60 e 70, a palavra de ordem da juventude era pôr o pé na estrada. Isso significava romper com os valores estabelecidos da sociedade, entre eles a família, e ir em busca de seus sonhos, mesmo quando estes não eram muito claros. Visto hoje, parece compreensível. Além de um mundo que pedia reformas, havia um imenso abismo entre esses jovens e a geração de seus pais. Sair de casa acabou virando sinônimo de liberdade. Mesmo que para isso tivessem que trocar o conforto familiar por uma república de estudantes ou compartilhar um apartamento com vários amigos. Os mais psicodélicos integravam-se em comunidades hippies ou adaptavam-se ao espaço de uma barraca de acampamento. Pelo sonho de ser livre, tudo era válido, para usar uma expressão da época. De Bob Dylan aos Beatles, passando pelo anárquico grupo brasileiro Os Mutantes, dezenas de canções desse período exaltavam e estimulavam o êxodo juvenil. No final dos anos 70, essa prática já estava naturalmente incorporada à idéia de independência e realização pessoal.



O tempo passou e os filhos daquelas gerações rebeldes comportam-se hoje de forma diametralmente oposta. Ao contrário de seus pais, os jovens atuais não têm mais tanta pressa em sair de casa. A maioria, aliás, nem pensa no assunto. São os representantes da chamada geração-canguru, que resistem a abandonar a comodidade da casa paterna do mesmo modo que o filhote marsupial agarra-se à bolsa protetora da mãe. Alguns, mais folgados, não arredam da barra da saia nem mesmo depois que casam e têm filhos. Com isso, um novo fenômeno surgiu: o prolongamento da adolescência. Cada vez mais aumenta o número de jovens entre 20 e 30 anos acomodados à situação de eternos adolescentes. Muitos deles, contando sempre com a retaguarda dos pais, acabam não assumindo as responsabilidades inevitáveis da vida adulta. "Os pais de hoje sãos os jovens de ontem, que lutaram por ideais de liberdade política e igualdade social, derrubaram tabus sexuais, participaram do movimento estudantil, ou, ao menos, foram profundamente influenciados por tudo isso", lembra a educadora carioca Tania Zagury, professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de vários livros de orientação educacional, entre eles, Encurtando a Adolescência. "Os jovens de agora herdaram tudo isso de bandeja. Não há mais um confronto de gerações tão acirrado. Os pais procuram dar a eles a liberdade que não tiveram em seu tempo. Os filhos fazem o que bem entendem, não dão satisfação de horários, têm o seu próprio carro e muitos levam seus namorados para transarem em casa. Além disso, têm comida na hora, roupa lavada e passada. Que razão teriam para abrir mão de tudo isso?"



Pais perdidos


Muitos pais sentem-se perdidos diante dessa situação, sem saber o que fazer para não prolongar o processo mais do que o necessário ou evitar que ele se eternize. Conviver com legítimos filhos-canguru não é fácil. "Estamos falando de um jovem que não produz, não colabora com nada", esclarece Tania. "Nesse caso, os pais precisam estabelecer um prazo para que o filho tome um jeito na vida, incentivando-o a procurar um emprego ou alugar um apartamento." Filha-canguru assumida, a bióloga Gisele Carvalho, 27 anos, morou com os pais até o mês passado. Mudou-se apenas porque resolveu se casar. Ela garante que, por desfrutar de liberdade total, nunca pensou em morar sozinha antes. Mas admite que o conforto é uma questão muito importante para a sua geração. "Nesse ponto, somos individualistas", diz. "Não faz sentido dividirmos um apartamento com pessoas estranhas, se temos tudo na casa de nossos pais. Se não tivesse me casado, continuaria morando com eles. Desde cedo aprendi a usufruir as coisas boas da vida. Meus pais me deram tudo: carro, dinheiro, roupas, viagens." As palavras de Gisele exemplificam bem a distinção que Tania Zagury faz entre as duas épocas. Para ela, a geração dos anos 60 era a do idealismo, a de hoje é a do prazer. "A geração dos pais, mais preocupada com o coletivo e o social, dava um peso menor às coisas materiais. Os jovens atuais, não. Foram criados com toda a infra-estrutura, não se importam de ser meros usufruidores."



Na opinião da educadora, dois fatores básicos contribuem para que os filhos demorem mais tempo a sair de casa e também para o conseqüente prolongamento da adolescência: a falta de limites e a superproteção. A seu ver, os pais que cresceram lutando contra toda a forma de opressão acabaram confundindo autoritarismo e autoridade. Dizer não para o filho era entendido como repressão. Somado a isso, estavam também a supervalorização da psicologia e a má compreensão dos conceitos da psicanálise, que nas décadas de 60 e 70 passou a ser popularizada pelos meios de comunicação. Proibir as crianças seja do que for era considerado altamente traumatizante, podia ser a origem de complexos insuspeitados. "Tudo isso adquiriu um significado especial para nós, brasileiros, que acabávamos de sair de uma ditadura militar", lembra Tania. "Todos esses equívocos e mais a falta de um modelo educacional definido - a geração rebelde derrubou o modelo antigo, mas não sabia o que colocar no lugar dele - levaram a uma espécie de ensaio e erro em matéria de educação, sempre embasado na permissividade. Os pais passaram a acreditar que para os filhos serem felizes deviam fazer tudo o que tinham vontade. Com isso, enquanto perdiam a autoridade, os jovens foram conquistando espaços muito maiores em termos de exercitar e colocar em prática seus desejos do que as gerações passadas."



Mãe, eu quero

O consumismo é uma das expressões dessa vontade desenfreada dos filhos. A falta de imposição de limites reduz muitas vezes os pais à condição de provedores dos impulsos consumistas dos filhos, comprando tudo o que pedem. É muito comum que cada filho tenha o seu próprio quarto, às vezes com banheiro privativo, sua própria televisão, seu celular, seu som, seu computador. "Os jovens estão desaprendendo a conviver, a compartilhar, tudo é individualizado", observa Tania. "Aí está uma diferença básica entre essas gerações. Nos anos 60 e 70, as pessoas precisavam sair de casa para conseguir essas coisas."



Aliada à falta de limites, a superproteção dos pais é outro fator que transforma os jovens em eternos adolescentes. Cada vez mais assustados com a violência das cidades, eles são muitas vezes os primeiros a estimular a permanência dos filhos em casa. "Mais preocupante é quando começam a ceder em coisas com as quais não concordam por puro medo de que os filhos sofram alguma agressão", ressalva Tania. "Tal atitude só leva à acomodação e à falta de objetivos. Os filhos acabam incapazes até de tirar um prato da mesa." A educadora sustenta que a conjugação de falta de limites e superproteção pode ser uma das causas da crescente marginalização de jovens da classe média e alta. "Os crimes cometidos por esses garotos denotam que eles cresceram sem compreender a existência do semelhante. Cercados de bens materiais e fazendo tudo o que lhes dá na veneta, acabam adquirindo uma enorme dificuldade para tolerar frustração. Mas a obrigação de desenvolver essa capacidade cabe aos pais. Ninguém nasce com ela. E isso só se obtém impondo limites, ou seja, com autoridade." Mas não são apenas as mordomias familiares que atrasam a saída da adolescência. Tania faz questão de frisar que existem fatores sociais determinantes, tais como a recessão econômica e o desemprego. "Esse quadro leva a uma exigência cada vez maior em termos de profissionalização. Já não basta ao jovem terminar a faculdade para ocupar os cargos disponíveis. Ele faz mestrado, doutorado e até pós-doutorado. Tudo isso leva tempo, então vai ficando na casa dos pais. Sem trabalho, não dá para se tornar independente, mas o emprego pode demorar a chegar. Um pai e uma mãe não têm como mudar essa situação. É uma questão social."



Base segura


Mesmo para quem está em início de carreira, a casa paterna pode ser uma base segura até que se alcance a maioridade profissional. É o caso de Verônica Ferreira Dias, de 23 anos, formada em cinema há um ano e que, mesmo trabalhando, não pensa em morar sozinha: "Troco minha independência pessoal pela profissional", explica. "Na minha área, o trabalho free-lancer é o mais comum. Morando com meus pais, posso escolher melhor esses trabalhos, e, ao mesmo tempo, suportar os períodos de desemprego entre um e outro." Ela conta que já se deu ao luxo de aceitar propostas pouco lucrativas, mas que enriqueceram seu currículo. "Claro que isso seria impossível se tivesse que pagar aluguel", argumenta. "Por isso, até adquirir liberdade financeira, vou continuar morando com meus pais. Além do mais, não acho isso o fim do mundo. Eles são ótimos." Verônica diz que se depender de sua família, ela não sairá de casa nunca. "É curioso, justo agora que eu e meus irmãos estamos chegando na idade de nos tornarmos independentes, meus pais resolveram comprar o apartamento vizinho para ampliar aquele em que moramos."



Nem todo jovem entre 20 e 30 anos que more com os pais pode ser rotulado de filho-canguru. Se ele ainda não saiu de casa porque está estudando ou não conseguiu um emprego, não significa que seja um adolescente fora de hora. Para Tania, a maturidade de uma pessoa é o resultado da conjugação de três fatores. O primeiro é a sua capacidade de prover seu próprio sustento. Nesse caso, nada impede que o jovem trabalhe e continue morando com os pais, desde que contribua com parte das despesas da casa, ou pelo menos, arque com seus próprios gastos. Segundo, é o desejo de contribuir, seja em casa, seja em melhoria da sociedade. "Isso significa ser participativo e não ficar esperando tudo de mão beijada, carro, comida, mesada", esclarece a educadora. "Um filho pode colaborar ativamente com a vida familiar, indo ao supermercado ou levando o carro ao mecânico." Terceiro, é a pessoa estar apta a relacionamentos afetivos mais estáveis e duradouros. "Namoricos são próprios da adolescência", afirma Tânia. "Na idade adulta pode ser sinal de imaturidade."



Mais tempo jovem


Pela atual classificação da Organização Mundial da Saúde, o estudante de direito Rafael Augusto Pantaleão de Castro, de 19 anos, ainda é um adolescente - segundo esta nova definição, a adolescência está circunscrita ao período que vai dos 10 aos 20 anos. Seu perfil é idêntico ao da maioria dos jovens de sua idade e classe social: tem quarto com banheiro privativo, seu próprio carro, som e televisão. Entretanto, ele se considera bastante responsável, mesmo morando com os pais. Desde os 15 anos trabalha na corretora de seguros da família e acaba de assumir a direção de uma loja de automóveis adquirida pelo pai. Apesar de contar com seu próprio ganho, não faz planos de sair de casa. "Sou um forte candidato a filho-canguru", brinca. "Aqui tenho casa, comida, roupa lavada e, acima de tudo, o afeto de meus pais, que são meus melhores amigos. Temos uma relação baseada na confiança. Daqui, só saio para casar, o que imagino que vá acontecer somente ali pelos 30 anos."

Saber se virar


A experiência de morar sozinho pode não ser fundamental para se galgar a maturidade, mas a maioria dos especialistas concorda que ajuda bastante. "Não há dúvida de que esta é uma condição efetiva para ser independente", garante a psicóloga e psicanalista Isabel Khan, professora da faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. "Aliás, mesmo o exercício de morar com o outro, como acontecia nas repúblicas estudantis dos anos 60, pode levar o indivíduo a brigar pelo seu espaço. No âmbito familiar, os papéis estão bem definidos, por mais que se brigue por eles. Saber se virar sozinho desde cedo é positivo, contribui para o crescimento emocional e o autoconhecimento. Pode, ao menos, ser praticado em alguns momentos da vida, em situações de trabalho ou viagens."



Premonitório, o psicoterapeuta José Ângelo Gaiarsa afirmava, três décadas atrás, que o convívio entre pais e filhos - de 15 a 30 anos em média, naquela época - durava muito além do necessário. Ele defendia a idéia polêmica - e ainda defende - de que a família é uma estrutura maléfica, onde os jovens são adestrados desde cedo a reproduzir o velho mundo adulto. Considerava a família ideal aquela que começava a se destruir quando nascia o último filho e se desfazia de vez quando esse caçula chegasse aos 15 anos. Gaiarsa via então no papel materno o principal agente de transmissão do conservadorismo social, passandoadiante tudo o que aprenderam "de seus antepassados e de suas vizinhas". Sua opinião não mudou muito: "As mães são o verdadeiro partido conservador do mundo". Ele vê a geração-canguru como o resultado desse longo círculo de equívocos: "Os pais estão começandoa se encher disso", diz. "Fico pensando quantas doenças psicossomáticas eles vêm desenvolvendo por terem parasitas dentro de casa. Filho não foi feito para viver grudado nos pais. A gente vê isso na natureza. O passarinho joga o filhote pra fora do ninho quando chega a hora."



Altos vôos


Mas se a tendência das novas gerações é permanecer sob as asas da família, o acaso pode também dar uma mãozinha para que alguns jovens alcem vôos mais ousados e descubram as mazelas de viver sozinho. Foi o que aconteceu com os irmãos paulistanos Gabriela Galvão Jouclas, de 26 anos, estudante de psicologia, e Luís Camilo Galvão Jouclas, de 28 anos, administrador de empresas e designer gráfico. Filhos de pais divorciados, eles viveram até dois anos atrás na casa materna. A vida de filhos-canguru ia bem, até a mãe, que é professora universitária, aceitar um emprego na Universidade Federal do Paraná e mudar-se para Curitiba. De uma hora para outra, os dois, que permaneceram em São Paulo, se viram obrigados a assumir responsabilidades até então inéditas.



"No começo, me senti um pouco perdida, principalmente com questões de dinheiro", conta Gabriela. "Claro que viver com os pais tem mordomias, a gente se acostuma e depois é difícil abrir mão delas. Morar sozinhos não foi uma opção para nós, foi casual. Mas agora prefiro que tenha sido assim. Hoje sou obrigada a planejar meu dia-a-dia. Determino meus horários, as regras da casa e preparo minha comida só quando estou com fome."



Livres e sérios


Luís Camilo, por seu lado, diz que jamais passou pela sua cabeça sair de casa para morar sozinho. "Meus amigos reclamavam de falta de liberdade, mas eu sempre tive meu espaço, mesmo morando com meus pais. Eles sempre foram adeptos do diálogo, nunca houve segredo entre nós", afirma. Como exemplo dessa liberdade, Cacá, como é mais conhecido, conta que quando morava ainda com a mãe, já podia levar a namorada para dormir com ele. "Comecei a namorar uma garota de Santa Catarina", lembra. "No princípio, quando ela vinha a São Paulo, dormia no quarto de hóspedes, mas depois passou a dormir na minha cama. Minha mãe não gostou muito da idéia, mas acabou se acostumando. Aí, o caminho estava aberto para as outras namoradas que tive." Hoje os dois irmãos vivem sua liberdade "com responsabilidade", como dizem. Gabriela tentou morar com a mãe, em Curitiba, mas voltou atrás. "Tinha rompido um namoro de seis anos, estava me sentindo sozinha, sabia que junto de minha mãe teria conforto e companhia, mas não me adaptei à nova cidade. Hoje, na prática, vivo sozinha, pois meu irmão passa mais tempo na casa da namorada. Em compensação, vou indo bem na faculdade, estou com mais vontade de estudar. Viver sozinha foi bom para isso, parece que estimula a gente a melhorar."



Mesmo quando o acaso não dá sua contribuição, há um momento na vida em que uma pessoa adulta percebe naturalmente que é chegada a hora de ter o seu canto. Pelo menos, é o que pensa a professora Tania Zagury. "É natural que um jovem amadurecido queira construir sua vida num espaço próprio, comprando seus móveis, dando um toque pessoal ao seu ambiente", afirma. "A idade da razão um dia chega e o jovem percebe que é ridículo ficar na casa dos pais como uma eterna criança, ouvindo a mãe dizendo coisas como 'filhinho, não esqueça o agasalho' ou 'coma tudo, senão você vai ficar fraco' e outros conselhos dispensáveis para quem já tem discernimento daquilo que é melhor para si mesmo."



Momento certo


Sem nunca ter planejado sair de casa antes, a coordenadora de chamadas de TV Simone Martins, de 30 anos, foi uma das que pressentiram o momento exato de bater as asas. Descontando os seis meses que passou em Londres, sempre morou com seus pais, pois achava uma bobagem sair de casa para arcar com um aluguel. "Além do mais, tive uma vida familiar muito boa, o diálogo era uma constante, nunca fui cobrada por nada, sempre contei com todo o suporte emocional", revela. "Trabalho no canal de televisão HBO há seis anos e, quando vi que tinha condições financeiras, resolvi comprar um apartamento. Se não morasse com meus pais jamais teria juntado dinheiro para isso." Simone diz que foi uma filha muito participativa, contribuindo com diversas tarefas familiares. Quando informou os pais de sua decisão, a mãe ficou um pouco triste, mas contou com o apoio dos dois. "A vida toda tomamos decisões em conjunto, da reforma da casa às viagens de férias. Na compra do apartamento, meu pai ajudou-me com a papelada. Tem coisas que até hoje faço deliberadamente com o auxílio deles. Nossa relação continua sendo de troca. Síndrome de auto-suficiência é uma bobagem", afirma. "Claro que senti medo, mas quando se toma a decisão de viver sozinho, não dá mais para voltar atrás. Somos obrigados a agir por nós mesmos. Chega uma hora em que precisamos disso, acho que coincide com a maturidade."



Adulto jovem


O caso de Simone parece ser um daqueles que Tania Zagury considera bem-sucedidos do ponto de vista educacional, quando os pais conseguem adequar liberdade e autoridade, colocando limites sempre que necessário. "Um jovem criado dessa maneira percebe um dia que não é mais adolescente, mas um adulto jovem e vai querer ter seu canto", acredita a educadora. "Os pais precisam desenvolver esse brio, trazer de volta os valores perdidos ao longo das últimas décadas, incentivando o jovem a assumir sua vida. Não vai ser por isso que deixarão de ser amigos de seus filhos. Estarão cumprindo seu real papel que é o de formadores éticos das futuras gerações."



A bióloga e ex-canguru Gisele Carvalho, embora se sinta uma típica representante das novas gerações, admite que tem uma espécie de sentimento de perda quando ouve falar dos anos 60: "Tenho a sensação de não ter vivido algo muito importante. Hoje caminhamos no sentido oposto, na direção do individualismo. Acho que estamos ficando cada vez mais caretas e medrosos". Ela parece saber do que está falando: "Assim como muitos jovens da minha geração, participei de vários programas de intercâmbio, que é uma forma de ter uma experiência fora de casa ao mesmo tempo segura e confortável. Vi muitos adolescentes voltarem ao Brasil antes do término dos cursos por dificuldade de se adaptar a coisas mínimas, até por não se habituarem com a cama de suas casas provisórias". Não há dúvida de que, para quem dormiu no sleeping bag e sonhou com um mundo de paz e amor, fatos como esse parecem ser o mais completo absurdo.



1964
Come mothers and fathers, / Throughout the land / And don't criticize / What you can't understand. / Your sons and your daughters / Are beyond your command / Your old road is / Rapidly agin' / Please, get out of the new one / If you can't lend your hand / For the times they are a-changin'


···
"Venham, mães e pais de todos os lugares/ e não critiquem aquilo que não podem entender/Seus filhos e filhas / Estão fora de seu controle / Sua velha estrada está Envelhecendo rapidamente/ Por favor, retirem-se da nova / Se não podem dar uma força / Pois os tempos estão mudando"



The times they are a-changin' Bob Dylan 1989


"Eu moro com minha mãe, mas meu pai vem me visitar/ Já morei em tanta casa que nem me lembro mais / Eu moro com meus pais./ É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã / Porque se você parar pra pensar, na verdade não há. / Você me diz que seus pais não entendem Mas você não entende seus pais. Você culpa seus pais por tudo / E isso é absurdo / São crianças como você."



PAIS E FILHOS

Renato Russo

Legião Urbana 1968


"Mamãe, mamãe não chore Eu nunca mais vou voltar por aí Mamãe, mamãe não chore, A vida é assim mesmo, Eu quero mesmo é isso aqui. Mamãe, mamãe não chore Eu quero, eu posso, eu fiz, eu quis, Mamãe, seja feliz"



Mamãe, coragem

Caetano Veloso e Torquato Neto 1969


"Hoje eu vou fugir de casa Vou levar a mala cheia de ilusão Vou deixar alguma coisa velha
Esparramada toda pelo chão Pra onde eu vou, venha também"



Fuga Nº 2 dos Mutantes

Rita Lee/Arnaldo e Sérgio Batista Os Mutantes 1970


Father:
It's not time to make a change
Just sit down and take it easy
You're still young, that's your fault
There's so much you have to know
Find a girl, settle down,
If you want you can marry
Look at me, I am old, but I'm happy

Son:
From the moment I could talk,
I was ordered to listen,
Now there's a way and I know
That I have to go.
Away, I know, I have to go

···
"Pai:
É tão cedo pra partir,
Devagar, não se apresse.
Nessa idade você tem tanta coisa que aprender
Ache a moça dos seus sonhos
Monte um lar e um negócio
Como eu fiz e eu sou velho
Mas feliz"

"Filho:
Desde o dia que aprendi a falar
Só faço ouvir vocês
Mas agora descobri
Que há um caminho e devo ir
Adeus, eu vou partir"

Father and Son
Cat Stevens
versão: Cacá Diegues

1967
"Wednesday morning at five o'clock as the day begins
Silently closing her bedroom door
Leaving the note that she hoped would say more
She goes downstairs to the kitchen clutching her handkerchief
Quietly turning the backdoor key
Stepping outside she is free

She (we gave her most of our lives)
Is leaving (sacrificed most of our lives)
Home (we gave her everything money could buy)

She's leaving home after living alone
For so many years
She's leaving home bye, bye
···
Às cinco horas da manhã, assim que o dia começa, /Silenciosamente ela fecha a porta do seu quarto, deixando um bilhete que ela esperava que dissesse tudo / Desce as escadas até a cozinha apertando seu lenço / Cuidadosamente gira a chave da porta dos fundos / Põe o pé pra fora, está livre

Ela (Dedicamos a maior parte de nossa vida a ela)
Está saindo (Sacrificamos quase toda a nossa vida)
De casa (Demos a ela tudo que o dinheiro podia comprar)

Ela está saindo de casa depois de viver sozinha por tantos anos
Ela está saindo de casa,
Adeus, adeus

She's Leaving Home
Lennon & Mc Cartney
Beatles
Tradução livre: Rodrigo Ratier

1985
"Meus dois pais me tratam muito bem
(O que é que você tem que não fala com ninguém?)
Meus dois pais me dão muito carinho
(Então por que você se sente sempre tão sozinho?)
Meus dois pais me compreendem totalmente
(Como é que cê se sente, desabafa aqui com a gente)
Minha mãe até me deu essa guitarra
Ela acha bom que o filho caia na farra
E o meu carro foi meu pai quem me deu
Filho homem tem que ter um carro seu
Fazem questão que eu só ande produzido
Se orgulham de ver o filhinho tão bonito
Meus pais não querem que eu fique legal
Meus pais não querem que eu seja um cara normal
Assim não vai dar, como é que eu vou crescer
Sem ter com o que me revoltar?
Assim não vai dar pra eu amadurecer
Sem ter com o que me rebelar."

Rebelde Sem Causa
Roger Moreira
Ultraje a Rigor

1971
"Se oriente, rapaz, pela constelação
do Cruzeiro do Sul
Se oriente, rapaz,
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece.
Vê se não se esquece.
Pela simples razão de que tudo merece
Consideração.
Considere, rapaz,
A possibilidade de ir pro Japão
Num cargueiro do Lloyd
Lavando o porão
Pela curiosidade de ver
Onde o sol se esconde"

Oriente
Gilberto Gil

Anote
Para ler

Encurtando a Adolescência

Educar Sem Culpa

O Adolescente por Ele Mesmo

Sem Padecer no Paraíso

Todos de Tania Zagury, Editora Record, 021/585-2047

A Engrenagem e a Flor, de J. A. Gaiarsa, Ícone Editora, 011/826-7074


Como amadurecer um filho-canguru
10 conselhos de Tania Zagury, retirados do livro Encurtando a Adolescência, para que os filhos assumam a vida adulta

1. Fazendo com que tenham direitos e deveres
2. Mostrando que são capazes de assumir responsabilidades, como pagar uma conta no banco, fazer compras no supermercado ou levar o irmão mais novo ao dentista.
3. Estabelecendo regras democráticas de convivência.
4. Fixando limites sempre que necessário.
5. Deixando que assumam, à medida que crescem, cada vez mais tarefas que lhe são próprias, como escolher suas roupas, responsabilizar-se pela limpeza do quarto.
6. Tornando-os co-participantes das decisões e medidas do dia-a-dia da família.
7. Ouvindo sua opinião e consultando-o sobre problemas que estejam afetando a família.
8. Estimulando-o a colaborar toda vez que a família se envolver em causas sociais, como doações e contribuições com alimentos e roupas para orfanatos e campanhas assistenciais.
9. Estimulando-o a ser financeiramente independente, estabelecendo primeiro uma mesada que deverá ser gerida por ele.
10. Incentivando-o a executar atividades e trabalhos, mesmo que temporários, que lhe rendam algum dinheiro.

Fonte: Galileu.globo.com - Link de acesso ao site:

http://galileu.globo.com/edic/95/comportamento1.htm