segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O diabo riscou um fósforo, jogou-o e saiu correndo?






Luiz Carlos Nogueira

nogueirablog@gmail.com






A moça vinha na garupa da moto do namorado, debaixo de um sol quente da peste, agarrando-lhe a cintura, parecendo mais com um perereca sonolenta, revirando os olhos.


Desceu, entrou na fila do caixa do supermercado, exalando um cheiro de desodorante, cuja fragrância (se é assim que podemos nos referir) estava mais para o Tenys Pé Baruel (aquele talco que usam nos calçados para aplacar os miasmas que deles exalam). O pior é que também entrei na fila logo atrás dela.


Bem, embora o cheiro fosse enjoativo (tipo chulé misturado com algum tipo de perfume, que não é nada bom), mesmo assim, estava melhor do que inhaca de sovaco (axila cabeluda, que no caso se costuma chamar de “tufo do mufurufo”), que faz arder nosso nariz.


Mas eu desisti de bancar o herói. Saí da fila e fui comprar pão. Foi aí que eu achei que o capeta havia riscado um fósforo, jogado naquele supermercado e saído de perto. Caramba! O “cara” que estava próximo era o dito cujo, namorado da “dita cuja”. Usava uma camiseta regata que parecia ter saído de algum tubo, toda amassada e suja, e é claro, não cheirava bem.


Os pãezinhos ficavam separados. Os do tipo francês, de farinha de trigo comum, estavam num dos compartimentos de um balcão de madeira, ao centro. Do lado esquerdo estavam os pãezinhos (tipo francês) de farinha de trigo integral. Do lado direito, estavam os pães tipo bengala, colocados em pé, com as pontas voltadas para cima.


Mas aí o sujeito, folgado e mal-educado, não querendo entrar na fila e aguardar a sua vez, pegou uma das pinças e começou a tentar pegar os pãezinhos por cima dos pães bengala. Claro, isso acabou fazendo com que o “tufo do mufurufo” dele, ou seja, o sovaco, tocasse as pontas dos pães bengala.


Eu não aguentei e tive que adverti-lo dizendo: “Ô cumpadre, assim não dá, olha você está colocando o seu “tufo do mufurufo” nos pães. Quem é que vai comprar esses pães para comer?


O pessoal que estava na fila estourou em gargalhadas, o que fez com que o fulano não engrossasse, como é o costume desse tipo de gente.


Aliás, hoje já esta sendo comum encontrarmos os desaforados, incivilizados, ocupando vagas em estacionamentos destinadas aos idosos e aos portadores de deficiências. “Furando” filas. Sentando nos capôs dos automóveis que não são deles. Jogando lixo nos quintais ou nas frentes das casas dos vizinhos. Colocando fogo no lixo de suas casas, sem se importarem se a fumaça que provocam vai afetar a saúde das pessoas alérgicas. Assim, um sem número de coisas como essas acontecem em decorrência da má formação moral e educacional do nosso povo. Ou estou errado?


A entidade fundamental para se começar a educação é a família, e está está se desintegrando, por decorrencia dos mais diversificados fatores.


No tocante à educação escolar, essa é mais esquecida do que os afilhados de políticos: o candidato vai batizando todo mundo para sair nas fotos e ganhar votos das famílias e depois os esquece completamente. E o que mais nos deixa indignados, Adam Smith (A Riqueza das Nações, Vol. I, tradução de Luiz João Baraúna para a Editora Nova Cultural Ltda, São Paulo,Sp, 1996, pág.343) já havia dito com muita propriedade é “ o esbanjamento e da imprudência cometidos pela administração pública. Toda ou quase toda a renda pública é empregada, na maioria dos países, em manter cidadãos improdutivos.”.


Adam Smith, quando publicou sua obra a Riqueza das Nações (1776), já informava (pág.33) sobre uma das consequências da falta de educação e formação: “[...] nas regiões comerciais da Inglaterra, os trabalhadores estão em “uma condição desprezível, trabalhando durante meia semana, ganham o suficiente para manter-se, e, por falta de educação e formação, não têm com que ocupar-se no restante da semana, entregando-se a rixas e à devassidão. Assim sendo, não há erro em dizer que as pessoas que vestem o mundo todo estão elas mesmas vestidas de farrapos”.


Ocorre que os legisladores (vereadores, deputados estaduais e federal, senadores) e muitos administradores públicos, saem das classes nas quais reina a falta de educação e formação. São eleitos por conta da ambição pessoal e quando investidos de poder se corrompem, tal como cita Hannah Arendt em a “Condição Humana” (obra traduzida por Roberto Raposo para a Editora Forense Universitária, 10ª Ed., Rio de Janeiro, 2005, pág. 122): “[...] O poder corrompe, de fato, quando os fracos se unem para destruir o forte mas não antes. A vontade de poder, denunciada ou glorificada pelos pensadores modernos de Hobbes a Nietzsche, longe de ser uma característica do forte, é, como a cobiça e a inveja, um dos vícios do fraco, talvez o seu mais perigoso vício.”


Então o que se pode esperar das pessoas de uma nação em que vivem nesse círculo vicioso, onde a educação dos grupos sociais está fora de cogitação política? O resultado disso é o que estamos vendo todos os dias nos noticiários, escândalos e corrupção em todos os níveis das classes dirigentes (prefeitos, governadores, vereadores, deputados estaduais e federal, membros do judiciário e dos tribunais de contas) do país.


Um comentário:

  1. Infelizmente temos que conviver com esses tipos de pessoas, sem educação, sujas e mal encarada, sorte sua que não houve assalto, pois deve ser horrível entrar num mercado e ser assaltado... mas sabe quem é o culpado - O POVO que coloca estes políticos corruptos e fdps que pouco está ralando pela EDUCAÇÃO e sim por obras que rende votos e dinheiros por fora... infelizmente ainda vivemos no BRASIL, país de corrupção e falta de EDUCAÇÃO. abraços

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