Luiz Carlos Nogueira
Já vai para quase um ano que fiz um convite para uma blogueira, cujo nome não revelo por uma questão de ética. No entanto passei a denominá-la de “Blogueira Incógnita”, para transformar a nossa troca de e.mails num artigo que talvez possa ser motivo para reflexão, especialmente com vistas à parte final.
Portanto seguem os textos dos e.mails trocados.
1-Este foi o meu segundo e.mail insistindo para a Blogueira enviar um artigo de sua autoria, para ser publicado num dos meus blogs. O texto foi em forma de intimação, porque eu e a Blogueira somos advogados.
de: Luiz C. Nogueira nogueirablog@gmail.com
para: Blogueira Incógnita
data: 20 de junho de 2011 11:25
assunto: Mandado de Intimação
enviado por: gmail.com
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Origem:
Autos n.000000/2011
Autor: nogueirablog@gmail.com
Intimada: Blogueira Incógnita
Mandado: 000001/2011
Autoridade blogueira: Luiz Carlos Nogueira
Ordem ao dono da conta de e.mail
FINALIDADE: INTIMAÇÃO
OBJETO: Intimação da pessoa abaixo indicada sobre os termos da presente ação, conforme contra-fé em anexo, para, no prazo mais rápido possível, querendo, enviar um artigo inicial de sua autoria, sob pena de confissão quanto a matéria de fato articulada pela parte autora.
Intimanda : Blogueira Incógnita
Endereço: Blog da Senhorita Incógnita, caminho da Internet.
CUMPRA-SE
Campo Grande/MS, 20 junho de 2011
Eu,______________(blogueirus irremediabilis), chefe da conta Blogger, que o digitei e subscrevo
2-Esta foi a resposta da Blogueira:
| ocultar detalhes 21:41 (11 horas atrás) | ||||||||||||||||||||||||||||||||
Tanta criatividade, nunca vi. Só tenho palavras para agradecer-lhe.
Não sei como pretende qualidade no que escrevo diante daqueles que já lhe prestigia e que o fazem tão bem. Aliás, é o que me pergunto todos os dias. Se escrevo algumas linhas faço apenas por bobeira, o que nisso até me animo, pois pelo menos já consigo alguma rima na brincadeira.
Falando sério. O que posso eu querer mais além da gentileza de quem já se dispõe a ler-me? Só mesmo por generosidade dos mestres que partilham riqueza com seus pupilos.
Mas para que não se avexe com o atraso das horas, prometo que sempre que a sorte da imaginação me sorrir, o que geralmente acontece nos fins de semana, irei enviar-lhe o que me parecer conveniente para crédito nos seus blogs. Também fique à vontade para "linkar" o que lhe parecer melhor, como fez com a poesia dacostiana. Não poderia (eu) escolher tão bem.
É redundante dizer que gosto das Humanidades, sobretudo dos temas sociais. E por isso estou sempre beliscando alguma dica ou ideia. E nisso, quando penso que não, enchi o blog de "puxadinhos". Mas estou no esforço para corrigir-me.
Agradeço sinceramente pelo incentivo. E mais ainda por suas críticas, que espero toda vez que lhe enviar.
Abraço,
Blogueira Incógnita
3-E este foi o desfecho final — meu e.mail para a Blogueira
| ocultar detalhes 08:58 (7 minutos atrás) | ||||||||||||||||||||||||||||
Blogueira,
não se apequene. Eu sei que é possivel extrair muita coisa boa dessa sua cabecinha. É só lhe provocar. Posso lhe dizer que o meu faro indica isso. É claro, não precisamos ser arrogantes para expor nossas ideias, mas é possivel darmos a nossa contribuição para formarmos opiniões a respeito das pessoas, das coisas e dos ambientes que nos cercam; e porque também não do mundo? Nós somos cidadãos do mundo -- o mundo é para nós, portanto, estejamos nele sem sermos dele. Melhor dizendo, somos cidadãos do universo, porque somos viajores da vida, que o tempo não destrói, apenas transforma. Então vamos possuir a herança de nós próprios começando no agora. Não acho que é bobeira o que você escreve, pois é o que pensa e como encara as coisas. Tudo é uma questão de se exercitar. Começamos a andar 1 km por dia, depois passamos a correr 1 km por dia, e assim por diante, até chegar o momento que estamos correndo com mais facilidade. Assim como precisamos nos exercitar fisicamente, também, e muito mais, precisamos exercitar o nosso cérebro.
Joyce Collin-Smith escreveu um livro com o título "Não chame ninguém de mestre". Num dos trechos do seu livro ela conta sobre o diálogo entre dois personagens, assim:
"-- Mon Père -- exclamei, como se estivesse tomando a decisão dramática de me colocar diante de um pelotão de fuzilamento ou de ir sem hesitar para a câmara de torturas --, estou pronta para continuar a jogar esse jogo perigoso da vida! Ensine-me, je vous en prie.
Com ar galante dos franceses, ele inclinou seu grande vulto em minha direção, tomou a minha mão e levou-a até seus lábios.
-- Chère amie, só há uma coisa que eu poderias lhe ensinar -- disse.---É uma lição difícil: não há professores para você. Basta que busque o mestre que vive em seu interior.
O habitante do Mais-profundo? -- disse, repetindo uma frase budista que ele usara certa vez. -- Mas preciso de mais conhecimentos. Dê-me seu conhecimento.
Ele riu, e com um gesto amplo apontou para todos aqueles livros à nossa volta.
Tudo está aqui - disse -, nos livros, nas bibliotecas. Você só precisa pegá-los e torná-los seus.
Então, pegando uma caneta, escreveu firmemente numa folha de papel em branco: "Não chame ninguém de Mestre". Ele se curvou e se foi."
Entendeu minha amiga Blogueira Incógnita?
Envio-lhe meu abraço fraterno - Luiz Carlos Nogueira
* Os destaques em negrito são meus.
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