quinta-feira, 14 de novembro de 2013
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Ajudei a alimentar um cupinzeiro, sem me dar conta de que estava sendo enganado.
Luiz Carlos Nogueira
nogueirablog@gmail.com
Hoje eu estava arrumando as gavetas dos meus armários, e quando revirava
uma delas, deparei-me com duas alianças de metal com os dizeres: “Dei ouro para
o bem do Brasil”.
Logo veio-me um sentimento de indignação, quando então resolvi escrever
sobre essa grande farsa ou grande logro aplicado à população brasileira, que na
época, imbuída da mais alto sentimento de patriotismo, viu-se despojada dos
seus metais mais valiosos e prol do que se acreditava ser uma grande ação
destinada a libertar o país das suas dificuldades financeiras. Porém, fazendo
uma busca pela Internet, localizei o artigo que reproduzi abaixo, porque do
contrário seria como dizem “chover no molhado”.
Pois bem, até hoje estou me sentindo um bobo que foi na conversa dos
espertalhões, comparada mais ou menos como se tivessem me induzido a pensar que
para matar as térmites de um cupinzeiro, a serragem faria melhor efeito do que
um veneno. Daí, tendo agido como outros milhões de brasileiros, só fiz
fortalecer os moradores daquele buraco.
Eis o artigo:
Na campanha “Ouro para o Bem do Brasil”
população foi enganada e nunca se soube onde foi parar o dinheiro
Seg, 30 de
Julho de 2012 17:25
Quem se depara com escândalos como o do mensalão, ou do
caso Cachoeira, nem imagina que um dia houve a campanha “Ouro para o bem do
Brasil” que enganou famílias inteiras
Em 1964 uma crise política alicerçada por uma inflação
devastadora, contribuiu para a eclosão de um golpe de estado que levou o
Exército a comandar o país na figura do marechal Humberto de Castelo Branco. Os
cofres públicos estavam vazios e o Brasil sem reservas cambiais que pudessem
conter a alta exorbitante do dólar.
Diante do quadro
desolador, os Diários e Emissoras Associados - grupo empresarial de mídia
comandado por Assis Chateaubriand, popularizado como “Chateau” na obra
monumental do escritor Fernando Moraes - buscando quem sabe, aproximação com os
novos governantes, lança uma campanha na qual os brasileiros doariam suas joias
em ouro recebendo em troca alianças de latão e um diploma com os dizeres: “Dei
ouro para o bem do Brasil”.
Com chamadas e campanhas pelo rádio e televisão, mais os
jornais do então poderoso grupo empresarial, a população mais humilde de São
Paulo, especialmente, se comoveu com a situação difícil da nação brasileira, se
mobilizando mais uma vez em um ato de cidadania. Sugeria-se que as pessoas,
sendo casadas, dessem suas alianças de ouro em troca de outras em metal com a
gravação da campanha símbolo da Tupi.
Muitos fizeram isso e houve ainda quem doasse colares,
brincos e outros objetos de ouro, até dinheiro do próprio bolso, para ajudar
nossa terra a se levantar dos infortúnios vividos no período que antecedeu à
“Redentora”, denominação dada ao golpe de estado pelos favoráveis ao novo
regime, que também foi chamado em outros setores de “Revolução de 1964” .
Assis Chateaubriand, cujo nome completo era Francisco de
Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, comandava um verdadeiro império das
comunicações entre emissoras de rádios, TVs, jornais e revistas pelo Brasil
afora, entre as quais “O Cruzeiro”. A ideia era obter lastro para a moeda
nacional com o ouro arrecadado.
O nome para a campanha foi inspirado em outro movimento
realizado durante a Revolução Constitucionalista de 1932, onde a população doou
“Ouro para o bem de São Paulo”, criando uma “moeda paulista” que circulou em
todo o estado durante o boicote comercial imposto pela ditadura Vargas,
impedindo São Paulo de efetuar qualquer atividade em nível nacional.
Após o desenlace daquela revolução, o ouro arrecadado em
1932 foi utilizado na construção de um prédio no centro da cidade, no formato
da bandeira paulista, localizado na Rua Álvares Penteado, 23.
O lançamento da versão “Ouro para o Bem do Brasil”
aconteceu no início de 1964 e contou com o apoio de uma parte da população e
também de algumas empresas. Prefeituras chegaram a promover manifestações com
desfiles em vias públicas onde escolares portando faixas, exibiam dizeres
alusivos à campanha.
O jornalista Ademir Médici, que mantém coluna no jornal
Diário do Grande ABC, escreveu certa vez que a Dulcora, indústria de São
Bernardo do Campo que fabricava o dropes Dulcora, ajudou na campanha
modificando a cor da embalagem de seu principal produto que ganhou a cor ouro.
A revista “O Cruzeiro”, em 13 de junho de 1964, apresenta
um balanço parcial informando que mais de 400 quilos de ouro e cerca de meio
bilhão de cruzeiros haviam sido doados pelo povo e por autoridades civis e
militares: “... a campanha, primeiro grande movimento dos ‘Legionários da
Democracia’, foi aberta com a presença do senador Auro Soares de Moura Andrade,
presidente do Congresso Nacional, que recebeu do Sr. Edmundo Monteiro,
diretor-presidente dos Associados Paulistas, a chave do cofre em que será colocado
o ouro e as doações em dinheiro que serão entregues, posteriormente, ao
presidente da República, marechal Castello Branco...”
A revista dá conta que inúmeras personalidades do governo
federal compareceram ao saguão dos Associados, na Rua sete de abril, no centro
da capital bandeirante, durante uma vigília cívica de 72 horas, para emprestar
apoio e fazer suas doações para a campanha do ouro. “... o ministro do
Trabalho, Sr. Arnaldo Sussekind, representando o general Amaury Kruel e
diversas outras autoridades prestigiaram o movimento dos ‘Legionários da
Democracia’.
O Governador Adhemar de Barros doou, de livre e
espontânea vontade, os seus vencimentos do mês de abril, num montante de 400
mil cruzeiros...”, informa ainda a publicação, salientando que mais de 100 mil
pessoas fizeram doações desde as mais modestas, até as mais abastadas,
depositando cheques de até 10 milhões de cruzeiros, vindos também de várias
firmas, além de carros oferecidos pela indústria automobilística nacional e
inúmeras outras doações de grande monta.
As TVs Tupi Canal 4 e Cultura Canal 2, pertencentes aos
associados, transmitiam ao vivo da sede da empresa, com o repórter, José Carlos
de Moraes, o “Tico – Tico” narrando que os populares
que doavam objetos de ouro de uso pessoal, tais como alianças, anéis e outros,
recebiam em troca uma aliança de metal com os dizeres: ‘Doei Ouro para o Bem do
Brasil’.
Não há registro na internet de nenhuma transmissão alusiva
à essa campanha, mas há imagens do repórter Tico– Tico entrevistando o ex –
presidente João Goulart, por ironia vítima do golpe que levou Castelo Branco ao
poder.
Nos jornais, Diário de São Paulo e Diário da Noite se
antecipava que a campanha “Ouro para o Bem do Brasil” seguiria na capital, até
o dia 9 de julho, quando então peregrinação teria início no interior do estado.
Apesar da campanha, seguimentos mais esclarecidos da
sociedade não se mobilizaram, evidentemente porque era previsível que não se
alcançaria um valor suficiente para cobrir as reservas cambiais de um país do
tamanho do nosso, suprindo aquilo que se arrecada nas atividades do comércio,
da indústria e da agricultura que geram empregos e proporcionam os negócios de
exportação e importação, estes sim capazes de tocar a economia.
Claro que a campanha não foi adiante, entretanto jamais
foi informado sobre o que foi feito com todo ouro e o dinheiro arrecadado. Por
parte do governo não houve sequer a uma nota de agradecimento.
Em lugar nenhum da internet, ou nos arquivos dos jornais,
encontramos números definitivos dessa campanha e nem o que aconteceu com o
montante obtido junto aos abnegados contribuintes. Nunca se soube do paradeiro
da chave do cofre da campanha, entregue ao senador Moura Andrade, ou se ele
ficou com ela de fato. Isso nos leva a crer que a campanha “Ouro para o Bem do
Brasil” não passou de um golpe aplicado contra a população honesta, mais uma
malandragem entre tantas, na história deste país e o pior, com o uso da mídia.
Se hoje achamos que a ladroeira alcançou níveis nunca
vistos, a história dessa campanha dos Diários Associados deixa claro que a
picaretagem sempre agiu solta e o que muda é a maneira como se aplica o golpe.
O lamentável é que pessoas honestas, pais de família e
suas esposas que doaram as alianças que simboliza a união abençoada por Deus
entre os casais, foram enganados não para o bem do Brasil, mas daqueles que
enriqueceram sem que o assunto fosse sequer apurado.
Geraldo Nunes*
Geraldo Nunes, jornalista e memorialista, integra a Academia Paulista de História
geraldonunes@jornalmovimento.com.br
Geraldo Nunes, jornalista e memorialista, integra a Academia Paulista de História
geraldonunes@jornalmovimento.com.br
Fonte: Jornal Movimento – Acesso efetuado em 11/11/2013,
através deste link:
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
VOCÊ TEM BROCAS?
OU
Luiz Carlos Nogueira
Hoje (08-11-2013), eu estava na
feira da rua Boaventura da Silva, comprando verduras numa banca, quando se
aproximou um sujeito (imagino, com a idade em torno dos 70 anos), fazendo um
chiado com a boca, parecendo um disco de vinil estragado, e perguntou para o feirante: Você tem “brocas”? O feirante meio confuso, respondeu: não senhor!
Procura lá com aquele senhor que conserta panelas, pode ser que ele tenha. Mais
confuso ainda, o “chiador” lascou uma outra pergunta: O que tem a ver o
consertador de panelas com as verduras? Aí danou tudo, ninguém entendeu mais
nada. Então uma senhora que também fazia compras, perguntou para o “chiador”:
Mas afinal, o que é mesmo que o senhor quer? Oras, aquela verdura que gente
come! Aí a senhora perguntou de novo: Mas que jeito que é essa verdura? Não
sei, a minha “mulé” que me pediu para comprá. A senhora disse: O senhor tem
telefone na sua casa? Qual é o número para eu ligar para a sua esposa? Pelo
celular (viva voz): Alô! É a dona Elisabel? (o nome é fictício para proteger a identidade dela). Í é, quem tá falano? Aí a senhora que estava tentando
ajudar explicou para a esposa dele, e ela respondeu: Eu pidí pra ele comprá “bróquis”, etc., etc. que é uma verdurinha que parece uma cabecinha de
“carapinha”. Pronto! Resolvido o enigma. O seu “chiado” finalmente pôde comprar
“brócolis” que estava procurando.
E aí ainda tem gente defendendo a
escrita e a pronúncia do português errado.
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Poucos são os que sabem pensar – Ângela Maria La Sala Batà
Poucos são os que sabem pensar.
Tal declaração pode parecer
demasiado pessimista, o que na realidade não é, pois o que nos impede o
pensamento é a própria vida moderna, com sua atividade incessante, sua
extroversão excessiva e seu ritmo agitado, passamos de um estado de extroversão
e atividade, voltados para o mundo físico, a um estado de tranqüilidade
semelhante a uma condição de sonho e ausência de pensamento durante o qual, com
o pretexto de que estamos cansados e temos necessidade repouso, procuramos nos
distrair com divertimentos ou leituras superficiais.
Muito poucos são os que amam o
pensamento, a leitura, o estudo, a reflexão e que usam sua mente e utilizam
suas faculdades mentais.
Voltando, portanto, ao argumento,
as maiores impurezas mentais são devidas às influências emotivas instintivas,
pois não sabemos desenredar a mente daquilo que a entrava, para torná-la
dinâmica, viva e eficiente.
Se reconhecermos sinceramente,
com uma auto-análise, que temos uma mente ainda kama-manásica[1],
e se só conseguirmos pensar com esforço e fadiga, devemos tentar desenvolver
aos poucos o aparelhamento mental, ou melhor, utiliza-lo mais, pois a mente se desenvolve com o uso; è
preciso tratar de ler, de estudar, pelo menos uma hra por dia, um livro que
estimule nosso mecanismo de pensar e que nos faça refletir. É preciso cultivar
o recolhimento, a solidão, pelo menos durante um certo espaço de tempo, todos
os dias.
Só na solidão aprende-se a
pensar.
Na realidade, nesta fase kama-manásica, trata-se de fortalecer e
ativas a mente, ainda mais do que purifica-la, visto que, ao tornar-se mais
positiva e eficiente, ela saberá libertar-se das névoas da emoção e dos
vínculos do instinto.
[1]
Kama-manásica: (“mente do desejo”, em sânscrito) desejo mesclado com a mente,
na maioria dos casos o desejo dominando a mente.
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