Poucos são os que sabem pensar.
Tal declaração pode parecer
demasiado pessimista, o que na realidade não é, pois o que nos impede o
pensamento é a própria vida moderna, com sua atividade incessante, sua
extroversão excessiva e seu ritmo agitado, passamos de um estado de extroversão
e atividade, voltados para o mundo físico, a um estado de tranqüilidade
semelhante a uma condição de sonho e ausência de pensamento durante o qual, com
o pretexto de que estamos cansados e temos necessidade repouso, procuramos nos
distrair com divertimentos ou leituras superficiais.
Muito poucos são os que amam o
pensamento, a leitura, o estudo, a reflexão e que usam sua mente e utilizam
suas faculdades mentais.
Voltando, portanto, ao argumento,
as maiores impurezas mentais são devidas às influências emotivas instintivas,
pois não sabemos desenredar a mente daquilo que a entrava, para torná-la
dinâmica, viva e eficiente.
Se reconhecermos sinceramente,
com uma auto-análise, que temos uma mente ainda kama-manásica[1],
e se só conseguirmos pensar com esforço e fadiga, devemos tentar desenvolver
aos poucos o aparelhamento mental, ou melhor, utiliza-lo mais, pois a mente se desenvolve com o uso; è
preciso tratar de ler, de estudar, pelo menos uma hra por dia, um livro que
estimule nosso mecanismo de pensar e que nos faça refletir. É preciso cultivar
o recolhimento, a solidão, pelo menos durante um certo espaço de tempo, todos
os dias.
Só na solidão aprende-se a
pensar.
Na realidade, nesta fase kama-manásica, trata-se de fortalecer e
ativas a mente, ainda mais do que purifica-la, visto que, ao tornar-se mais
positiva e eficiente, ela saberá libertar-se das névoas da emoção e dos
vínculos do instinto.
[1]
Kama-manásica: (“mente do desejo”, em sânscrito) desejo mesclado com a mente,
na maioria dos casos o desejo dominando a mente.
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