domingo, 9 de outubro de 2011

Selma Ottilia Lovisa Lagerlöf, a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura






Luiz Carlos Nogueira

nogueirablog@gmail.com



Selma Ottilia Lovisa Lagerlöf nasceu em Östra Ämtervik (20/11/1858), província de Värmland, oeste da Suécia, numa fazenda de seus pais, chamada Mårbacka, situada numa região dominada pelos mitos.



Selma que nasceu com um problema de articulação em uma de suas pernas, por volta do seus três anos de idade acabou ficando sem poder andar, pois o problema havia lhe afetado a outra perna também. Por isso como quase não podia andar e brincar, passou praticamente toda a sua infância lendo e ouvindo as lendas e as histórias que a sua babá lhe contava.



Um certo dia, viajou com os seus pais para uma estação de águas em Strömstad, quando conheceu a esposa do comandante do navio, que lhe convidou para conhecer a embarcação. Foi então que teria visto uma ave exótica que teria lhe impressionado a ponto de achar a tal ave poderia fazê-la a andar novamente, o que de fato acabou acontecendo. Selma recomeçara a andar, embora mancasse por causa das dores em uma das pernas.



Assim, depois de haver passado quase toda a sua infância dedicada à leitura, ao completar 15 anos de idade quis tornar-se uma escritora. Desde então começou a escrever poesias e não parou mais.



Mas como a vida é cheia de surpresas, com seus altos e baixos, a situação financeira da sua família sofreu uma severa queda. Então Selma que estaria com 22 anos de idade, teve que começar a trabalhar para se manter. Com a ajuda de seu irmão entrou para a Kungliga höga lärarinneseminariet, que formava professoras e que apoiava a causa feminista, com vistas à independência e o progresso social da mulher.



De tal sorte, quando completou 27 anos já havia concluído seus estudos, tendo, por isso, sido nomeada professora de História em Landskrona. Como para mostrar um gesto de emancipação feminina, cortou seus cabelos, escandalizando “a sociedade”.



È preciso também destacar que a escritora em comento, por ocasião da II Guerra Mundial, deu apoio a vários intelectuais alemães para fugirem do país, conseguindo-lhes vistos suecos. Entre os casos de fugitivos, inclui-se o da poetisa alemã Nelly Sachs, que foi salva de ir para um campo de concentração.



Mas foi em 1885, quando a família Lagerlöf por causa da doença do seu pai (Erik Gustaf Lagerlöf), perdeu a fazenda, que Selma, para tentar recuperá-la começou a publicar as suas poesias na Revista Dagny. Uns 5 anos mais tarde, passou a ser admirada quando ganhou um prêmio em dinheiro, por ter vencido um concurso de contos extraídos de um romance que estava escrevendo (A Saga de Gösta Berling), publicado em 1891.



Os seus livros são pródigos em fazer referências ao universo fantástico, recheados de lendas e contos populares envolvendo fantasmas, gnomos ou duendes, recriando o romantismo e a ficção. De tal sorte, com o sucesso do seu primeiro livro, em 1894 lançou “Os Laços Invisíveis”, seguindo-se outros não menos isentos de mistérios, como: (1897) Os Milagres do Anticristo; (1899) As Rainhas de Kungahälla; (1899) A Lenda da Quinta Senhorial; Jerusalém (1901-02); (1904) O Tesouro e Os Escudos do Sr. Arne; (1904) Lendas de Jesus Cristo; (1906-1907) A Viagem Maravilhosa de Nils Holgersson através da Suécia; (1908) De Saga em Saga; (1911) A Casa de Liljecrona; (1912) O Carroceiro da Morte; (1913) A Rapariga do Brejo Grande;
“Astrid och andra berättelser” (1914) ; “Dunungen : lustspel i fyra akter” (1914);
(1914) Imperador de Portugal; “Stenen i sjön Rottnen” (1914); “Silvergruvan och andra berättelser” (1915); (1915-21) Gnomos e Homens; (1918) O Exilado
Ingmarssönerna; (1918) Kavaljersnoveller; (1918) “Zachris Topelius”; (1920) “Mårbacka”; (1922) (1925) O Anel dos Löwensköld; “Charlotte Löwensköld” (1925)
“Anna Svärd” (1928); “Mors porträtt och andra berättelser” (1930); (1930) Memórias de uma Criança; “Dagbok för Selma Ottilia Lovisa Lagerlöf” (1932); (1933) Outono
“Meli” (1934); “Från skilda tider” (1943-45, obra póstuma) (fonte: InfoEscola)



Conta-se que o que culminou na obra A maravilhosa viagem de Nils Holgersson através da Suécia (Garden City, New York: Doubleday, Page & Company, 1922), foi a proposta que o diretor (Alfred Dalin) da escola de Husqvarna, lhe fez para elaborar um livro para ensinar história e a geografia pátria, às crianças das escolas primárias, editado em 1907 e que possibilitou-a comprar novamente a fazenda Mårbacka, em 1910. Devido ao seu enorme sucesso literário, na data que esse livro foi editado, recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Uppsala, levando-a a ser laureada com o Prêmio Nobel de Literatura em 1909. No entanto, doou a sua medalha de ouro do prêmio Nobel, em prol da luta contra os Nazistas.



Alguns comentários da época, na minha tradução precária, refletem o brilho da escritora:



De Gefle Posten: "A autora está aqui, como sempre, a grande contadora de histórias, a maior, talvez, na literatura escandinava desde os dias de Hans Christian Andersen. Para as crianças cuja imaginação tem sido fomentada pela Ashbjörnsen, Andersen, e" A. Mil e Uma Noites "," As Aventuras de Nils "serão sempre preciosas, bem como para aqueles de nós que somos mais velhos."



De Ny Tid: "O livro de Selma Lagerlöf trouxe muitas informações para os leitores antigos. Ele familiarizou as crianças com a natureza da Suécia; fazendo-as se interessar pelo mundo das aves, tanto domésticas como selvagens, assim como seus animais domésticos e florestais, até mesmo os ratos. Ele explica sua vegetação, o solo, a formação das suas montanhas, suas condições climáticas. Informa-lhes sobre os costumes, superstições, o folclore em diferentes seções do país. Leva na indústria agrícola, solares e fábricas, cidades e camponeses, e até os canis de cachorros. Ele tem uma palavra para tudo e interesse por tudo. Pois, mostra para você, que este livro não tenha sido corrigido em conjunto pela diletante, ou por uma comissão do conselho escolar.. .. Foi escrito por uma vidente warm-hearted altamente talentosa, para quem a criança-natureza não é uma piscina escura em que se pesca de forma aleatória, mas um espelho, refletindo claramente. A autora cumpriu sua missão em uma maneira totalmente convincente. Ela teve [Página xiv] imaginação suficiente e habilidade para misturar todas as viagens com os materiais da natureza para uma bela e harmoniosa de fábula. Ela sabia como combinar o útil ao belo, de forma prática e com estética. Ela sempre sonhou que converteu a absorção de conhecimento em uma criança no prazer do jogo e todo seu estilo é o mais simples, o mais fácil para as crianças a entender .... Suas declarações são fortes sem ser ruidosa;. mais lúdica e bem-humorada sem ser loquaz. Seu trabalho é um modelo de livro-texto;. e justo, portanto, uma obra de arte acabada ".



Eis porque Selma foi a décima personalidade a receber o Prêmio Nobel de Literatura, porém a primeira mulher a conquistá-lo.


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