por Humberto Pinho da Silva (Notas)
José Cascales de Muñoz, disse: “No hay poeta que no haya
plagiado más de ciento de
los antigos y contemporâneos “.
Nem há escritor que não tenha
plagiado, ainda involuntariamente, os clássicos. Nem jornalistas e professores
que não tenham copiado, modo de ensinar e expressões, que ouviram a antigos
mestres.
Todos nós, segundo Cruz Malpique:
“ Chegamos muito tarde, a um
mundo já muito velho. Cada um de nós, falando, escrevendo, pensando, fazendo
seja o que for, é como tivesse procuração dos que nos precederam.”
Muitas vezes há nítida intenção,
de plagiar, como é o caso do “Caramurú”
- poema em dez cantos, de Frei José de Santa Rita Durão, publicado em Lisboa,
em 1781, - que é decalque grosseiro dos “ Lusíadas”.
Mas também o plágio pode ser por
mero acaso:
Germano Almeida, escritor
cabo-verdiano, planeara escrever sobre fictício congresso, a realizar em
Lisboa, sob o tema: Homens traídos por suas mulheres.
Com o texto criado na mente,
entrou numa livraria lisboeta e depara com Fernando Assis Pacheco, que
recomenda-lhe a leitura do livro: “ Jogos da Idade Tardia” de Luís Landero.
Ao folhear a obra, encontra
passagens idênticas, muito semelhantes, ao que trazia, quase concluído, na
memória.
Essas coincidências, ainda que
não sejam vulgares, acontecem. A ideia uma vez lançada, funciona como onda de
rádio. Há sempre recetores que a acolhem.
O povo, que é grande mestre,
costuma usar frase que explica tudo: “Anda no ar”.
Andar no ar, é uma espécie de
boato mudo, que não se ouve, mas sente-se.
Nova forma de plagiar, é recorrer
à Internet. Em segundos, alcança-se a matéria, e “rouba-se” conhecimentos,
quase sem esforço.
Teses, mestrados, doutoramentos,
uma vez publicados na Net, são alvos de copianços e apresentados, após ligeira
maquilhagem, como originais, fruto de aturado trabalho.
Para combater a fraude, existem
programas informáticos, que detetam o copianço. Entre outros, encontram-se o: “
Turnitin” e o “Ferrit”.
Mais difícil de descobrir, são
teses feitas por encomenda, a antigos licenciados, apreços que podem atingir os
25 mil euros.
Famosos escritores foram acusados
de plágio. Entre eles: Gabriel d’Annunzio, Moliere, Virgílio e até o nosso Eça
de Queiroz.
Plágios, que certamente não
passaram de acasos ou resultado de leituras antigas.
O escritor é fruto de muitas
leituras e de muitas conversas e estudos, acumulados desde a infância; não se
erra, se dissermos, que todos nós repetimos, o que pensaram e escreveram os que
nos antecederam.
Se escrevo esta crónica, deve-se
ao trabalho dos que publicaram artigos e obras que trataram o tema. Apenas
coube-me o papel de abelhinha: “roubando” mel, de flor em flor.
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