Por João Bosco Leal
No governo Getúlio Vargas foi criado o BNDE – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, com a finalidade que o próprio nome já explica e a integralização do capital deste foi realizada com recursos do Tesouro Nacional.
Os anos passaram, o banco cresceu, criou vários braços e teve a inclusão do S em seu nome, passando a ser BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e, pelo menos teoricamente deveria se dedicar ao que o próprio nome já diz.
No governo Lula, entretanto, o banco curiosamente passou a investir maciçamente em um grupo de seletas empresas como ultimamente tem sido demonstrado pela imprensa nacional, o que chama a atenção e inclusive provoca protestos dos concorrentes destas que não têm o mesmo privilégio.
Uma única empresa, a JBS Friboi, do ramo de frigoríficos, tomou emprestado bilhões de reais de um braço do banco o BNDESPar – BNDES Participações, e paga seus empréstimos com ações. Com o dinheiro essa empresa comprou outras nos Estados Unidos, Austrália e Argentina e se tornou a maior abatedora e processadora de carne bovina do mundo.
Agora a imprensa divulga outra atitude no mínimo suspeita do banco BNDESPar, que injetará 3,91 bilhões de reais em aquisição de ações de uma gigante do ramo de supermercados que seria criada com a absorção do grupo Pão de Açúcar pelo francês Carrefour. Pelo que já foi divulgado, no negócio o grupo brasileiro seria vendido ao francês em troca de ações do mesmo e passaria a deter menos de 12% das ações do gigante francês e o banco estaria adquirindo ações do que será o novo conglomerado no Brasil.
Com a divulgação e contestação pela imprensa, diversos ministros de estado se apressaram em dizer que o interesse brasileiro no negócio seria facilitar as exportações de produtos alimentícios do Brasil para o MCE através do grupo francês. É inacreditável que uma ministra como Gleisi Hoffmann entenda que uma explicação ridícula como essa vá calar a população brasileira.
Qualquer pessoa com um mínimo de neurônios funcionando investiria esses recursos em infraestrutura que tanto tem prejudicado o sistema produtivo nacional, como portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e hidrovias, que têm sido apontados como os grandes gargalos das exportações brasileiras e responsáveis pelo chamado “custo Brasil”, que inviabilizam economicamente muitas de nossas exportações.
Entra governo do PT após a saída de outro do mesmo partido e as declarações continuam as mesmas: O Brasil não possui recursos suficientes para investir em infraestrutura suficiente para absorver um crescimento de nossa economia superior a 5% ao ano.
Não temos recursos para investir em educação, a saúde pública pode ser comparada a de países mais pobres do mundo, a estrutura para receber a Copa e as Olimpíadas só será possível se os editais forem sigilosos para que a população não saiba quanto investiremos nisso.
Nada disso é possível, mas possuímos recursos para investir em uma empresa privada um volume suficiente de recursos para torná-la a maior do mundo e capital suficiente para investir em ações de uma multinacional para que ela adquira um grupo brasileiro e se torne detentora de 40% do mercado brasileiro?
Com tudo o que tem sido divulgado pela imprensa nos governos do PT seria até inocente da parte dos brasileiros não imaginar que algum interesse escuso está por trás dessa operação.
Liberando esse financiamento o governo do PT demonstra que para ele algumas empresas privadas-e aí me pergunto quem seriam os verdadeiros donos destas-, são bem mais importantes que a própria população brasileira.
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