quarta-feira, 4 de maio de 2011

Meus mistérios



Por Ezio José da Rocha (Magrão)


No canto é que me encontro
Escondido na nicotina de fumaça
Na cortina do que me deixa tonto
Nenhum outro vício, nem a bendita cachaça.


A faixa que me separa do passado
E que me aquece entre os remendos
Nos invernos me fazem cada vez engessado
E continuo, em cada estação, tremendo


Deixei tantas malas pra trás
Cada vez que parei e perdi minha voz.
Dos instrumentos que não toco mais
Ouvirão os outonos que me fizeram atroz.

Os cacos que tento ajuntar no presente
E as primaveras sem flores é mesmo que nada
Não me farão mais gente
Tudo não passa de conto de fada.


Quem sabe no próximo verão não me verão
Posso estar no outro hemisfério
Não posso ser preso de mão em mão
Se não bastasse que sou cheio de mistérios


Vou levar meu canto pra qualquer canto
Entre quatro paredes posso partir agora.
Já que a nave não me causa mais espanto
Não tenho medo de sumir à qualquer hora.

Assumindo meus erros posso me condenar.
É pena que não tenho pena para escrever minha pena
Fico imaginando a hora que tudo acabar
Preso no sepulcro protagonizando minha cena.


Será o grande dia a primeira primavera florida?
Florida com flores de papéis coloridos e amassados?
O inverno é e será minha estação preferida
E quero ouvir minhas canções em tons gelados.


Por isso canto não por encanto
Mas para meu acalanto...


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